terça-feira, 25 de setembro de 2012

Uma pequena “pirâmide” marciana foi tocada pelo braço do robô Curiosity - Ciências - PUBLICO.PT

Uma pequena “pirâmide” marciana foi tocada pelo braço do robô Curiosity - Ciências - PUBLICO.PT

Ainda não foi desta que o Curiosity apanhou uma porção de solo marciano. O robô da NASA vai testando progressivamente as capacidades dos seus instrumentos e agora tocou numa rocha de 49 centímetros de comprimento por 25 de altura, que tem a forma invulgar de uma pirâmide. O rover tirou fotografias da rocha e analisou-a com um espectrómetro, tocando-lhe com a extremidade do seu braço.

A rocha em forma de pirâmide que o Curiosity encontrou  
A rocha em forma de pirâmide que o Curiosity encontrou (NASA/JPL-Caltech)

A rocha em forma de pirâmide que o Curiosity encontrou
 Fotografia da rocha tirada a três distâncias diferentes pela câmera Mars Hand Lens ImagerNASA/JPL-Caltech/MSSS

A viagem não pára para o rover que aterrou em Marte a 6 de Agosto, na cratera Gale perto do monte Sharp. O grande objectivo do Curiosity é estudar os estratos geológicos da base do monte Sharp, que pode dar informações sobre o ambiente muito antigo do planeta, quando aqueles estratos foram formados e Marte tinha mais água e, quem sabe, condições para ter vida.

Mas o robô está a 6,6 quilómetros da base do monte e demorará algum tempo para lá chegar. Antes, a equipa da NASA estabeleceu um primeiro objectivo: uma região situada a apenas 400 metros de distância a que deram o nome de Glenelg, onde há a junção de três tipos diferentes de solos e que poderá ter interesse a nível geológico. Será aqui que o Curiosity vai escavar pela primeira vez um pouco de solo marciano para estudar a composição desta região.

A 19 de Setembro, quando estava a meio caminho de Glenelg, o robô deu de caras com a rocha em forma de pirâmide que a NASA decidiu analisar e baptizou com o nome de Jake Matijevic, o engenheiro responsável pelas operações de superfície do Curiosity e de outros rovers enviados para Marte, como o >i>Sojourner, o Spirit e o Opportunity, e que faleceu a 20 de Agosto.

A rocha não tem um interesse científico, a NASA quis testar vários instrumentos e comparar os resultados entre eles. Utilizou a ChemCam, o diminutivo das palavras em inglês de Química e Câmara, o instrumento emite um laser à distância para as rochas e faz uma análise dos componentes do material com a ajuda de um espectrómetro.

O passo seguinte foi aproximar-se da rocha e utilizar dois instrumentos que estão na ponta do braço para continuar o seu estudo. Tirou fotografias a Jake Matijevic com o Mars Hands Lens Imager a três distâncias diferentes: 25, 5 e 2,5 centímetros. As imagens revelaram que a rocha é relativamente lisa, cinzenta, mas tem pequenas superfícies mais brilhantes que reflectem a luz do Sol. As fotografias mostram também que as reentrâncias da rocha têm pó avermelhado da superfície marciana.

De seguida, o Curiosity utilizou o Alpha Particle X-Ray Spectrometer (APXS), um segundo espectrómetro situado na mão do braço do robô. Tal como a ChemCam, o APXS também analisa os componentes químicos das rochas, mas para isso tem de tocar nos alvos. Com esta informação, os cientistas da NASA podem comparar os resultados dos dois espectrómetros.

Durante a caminhada o robô também olhou para o céu. Em dois dias apontou a Mastcam para o Sol e fotografou as duas luas marcianas, Fobos e Deimos, que estavam a passar à sua frente. O objectivo é analisar as órbitas dos satélites naturais, um trabalho que a NASA começou com os robôs Spirit e Opportunity, em 2004.

“Fobos está numa órbita muito vagarosa que se aproxima de Marte e Deimos está numa órbita muito lenta a afastar-se de Marte”, disse Mark Lemmon, investigador da equipa de ciência do Curiosity pertencente à Universidade A&M do Texas. “Estas observações ajudam-nos a reduzir as incertezas nos cálculos das mudanças destas órbitas”, disse, em comunicado.

Este cálculo ajuda a perceber como é que a gravidade de Fobos está a afectar Marte e vice-versa. Desta forma, é possível inferir alguma informação sobre a estrutura interior de Marte.

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