terça-feira, 25 de setembro de 2012

Denúncia OIT: Funcionária pública portuguesa emigra para a Suíça - Dinheiro Vivo

Denúncia OIT: Funcionária pública portuguesa emigra para a Suíça - Dinheiro Vivo


O congelamento de salários na Função Pública e os restantes cortes, como a suspensão de subsídios e o aumento generalizado de impostos, levaram uma funcionária pública portuguesa a emigrar para a Suíça, denuncia a Organização Mundial do Trabalho (OIT), que integra a esfera de instituições das Nações Unidas.

Saiu do país em março passado, quando já era claro que iria ser abrangida pelos cortes. Vai tentar a sorte lá fora durante um ano.
O exemplo apontado serve para ilustrar um "novo fenómeno" - o do "trabalhadores pobres" no sector público - que será objeto de uma investigação e de um livro assinados por Daniel Vaughan-Whitehead, economista da OIT. A obra será publicada em 2013.
O caso apontado pela OIT é o de "Ana B, uma mulher portuguesa de 50 anos" residente no Porto, que decidiu pedir uma licença sem vencimento na "agência pública" em que trabalhava para sair do país e aceitar ser empregada de limpeza na Suíça (um destino clássico da emigração portuguesa no tempo da ditadura). Cá ganhava 700 euros como secretária numa agência do Estado; na Suíça consegue ganhar "o dobro" a fazer limpezas, explica a OIT News.
"Sou uma mãe solteira e o meu filho de 20 anos ainda está na universidade. Ainda estou a pagar o andar que comprei nos subúrbios do Porto há alguns anos. O meu salário como trabalhadora do sector público era de apenas 700 euros por mês. Mas com a crise económica e as medidas de austeridade que se seguiram, os salários foram congelados..."
Ana B. reconhece que o facto de ter podido pedir uma licença de um ano sem ser desvinculada à entidade em que trabalhava é "um benefício" que ainda não foi cortado pela austeridade do atual Governo de Pedro Passos Coelho e Vítor Gaspar. Por isso decidiu aproveitar.
A mulher vive hoje afastada do filho (ficou no Porto a estudar). Vive num hostel para poupar dinheiro. "Graças à internet, conseguimos estar em contacto quase todas as noites", diz à OIT News.
"Quero que o meu filho consiga formar-se pela universidade... mesmo que isso implique eu perder parte do meu status social", acrescenta.
Daniel Vaughan-Whitehead, o economista sénior da OIT que está analisar esta realidade diz que "a história da Ana ilustra em parte as dificuldades crescentes que os trabalhadores do sector público enfrentam desde o início da crise". "As mulheres são particularmente afetadas", reconhece.
"Muitos deles [funcionários] -  especialmente na Europa do sul e do leste - têm de lidar com congelamento de salários , cortes em benefícios e falta de oportunidades de promoção. Portugal é um dos países mais afetados pelas medidas de austeridade", refere o especialista.
E depois conclui: "Os trabalhadores pobres no sector público são um novo fenómeno na Europa".
São algo novo no universo público, mas não no sector privado, como provam as estatísticas do INE.
Ana B. diz que como empregada de limpeza na Suíça, onde ganha cerca de 1400 euros, tem dinheiro suficiente para pagar as contas em Portugal. Por isso, frisa, "estou pronta a fazer isto por mais um ano".
Leia a reportagem completa da OIT News aqui.

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