segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Insolvências. Número duplica relativamente a 2011 e imobiliárias não escapam | iOnline

Insolvências. Número duplica relativamente a 2011 e imobiliárias não escapam | iOnline

Em 2007, havia quatro mil imobiliárias a operar no mercado. Hoje, há pouco mais de duas mil.

As empresas portuguesas estão a passar por uma fase negra. Em oito meses, já faliram quase tantas como em 2011 inteiro (4532). De 1 de Janeiro a 31 de Agosto, 4338 empresas apresentaram falência, contra 2932 no mesmo período do ano passado, o que representa uma subida de 47,95%, segundo dados do Instituto Informador Comercial.
A situação económica e financeira é a grande responsável por este cenário. “A crise internacional na economia, aliada a contínuos erros de gestão do risco na concessão de crédito, impôs severas restrições à concessão de crédito e facilidades financeiras por parte da banca”, explica o advogado da Garrigues, Miguel Azevedo.
O sector da construção é dos mais afectados e, de acordo com o presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária (APEMIP), Luís Lima, pode levar a que o desemprego em Portugal atinja os 20%. Mas o imobiliário também já está a sofrer as consequências da dependência empresarial em relação à banca. Só em cinco anos, houve uma queda de cerca de 50% de agências. “Em 2007, tínhamos quatro mil imobiliárias a operar no mercado nacional. Hoje temos pouco mais de duas mil”, informa o director-geral da ERA Portugal, Miguel Poisson. A razão principal advém do facto “de há cinco anos para cá, o crédito disponível para habitação ter diminuído doze vezes”, esclarece. Na opinião do responsável, “é expectável que, nos próximos anos, apenas as grandes imobiliárias tenham capacidade para sobreviver às actuais economias de escala por estarem em rede”, sublinha.
Luís Lima vê o futuro do sector imobiliário com mais optimismo do que o da construção: “o imobiliário contempla actividades que estão a montante e a jusante da construção, sendo por isso um universo muito mais vasto”. Assim, o presidente da APEMIP esclarece que esta realidade contém maiores potencialidades para superar os desafios que se colocam. “O diagnóstico é menos bom, mas as perspectivas de superação destes desafios são mais positivas”.
O arrendamento não parece ficar afectado com uma menor presença de players no mercado, porque, segundo Miguel Poisson, as tendências e a evolução do mercado de arrendamento estão dependentes essencialmente das necessidades específicas do consumidor e da lei da oferta e da procura. Luís Lima considera mesmo que as empresas de mediação imobiliária atravessam um processo de mudança do paradigma da compra e venda, para o arrendamento urbano.
Cada vez a receber mais casos de empresas em estado de pré-falência, Miguel Azevedo explica que a lei prevê dois mecanismos relativos à recuperação de empresas que ainda não estejam em insolvência: um de natureza judicial, que corre junto do tribunal competente para verificação e declaração de insolvência, e outro de natureza extrajudicial, requerido junto do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (IAPMEI).
Em situações de pré-insolvência, “apuramos a viabilidade da recuperação extrajudicial e a possibilidade da reestruturação da empresa, não só ao nível societário como da actividade e da renegociação da dívida fora dos tribunais. Para o efeito, contamos com uma equipa para assessorar os processos de recuperação” explica ainda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário