sábado, 29 de setembro de 2012

Eólicas de Sócrates paradas à espera de financiamento - Dinheiro Vivo

Eólicas de Sócrates paradas à espera de financiamento - Dinheiro Vivo


Portugal é considerado uma referência em energias renováveis, principalmente eólicas, mas os últimos parques  atribuídos - no primeiro Governo de José Sócrates - estão  muito longe de estarem concluídos.

Dos 1800 MW entregues nessa altura, apenas estão construídos 818 e as perspectivas para os restantes 982 MW não são boas. "Vai ser difícil acabar estes parques que faltam", disse ao Dinheiro Vivo, o presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), António Sá da Costa.
A dificuldade em arranjar financiamento é o principal entrave, diz este responsável. É que, neste momento, para os bancos emprestarem dinheiro para fazer um parque eólico, ele tem de se pagar a si próprio e para isso é preciso que ele produza 2600 horas de vento num período entre 12 e 15 anos. Isto porque construir um parque custa entre 1,4 e 1,5 milhões de euros e que as tarifas pagas atualmente rondam os 69 euros por MWh.
Diz Sá da Costa que conseguir as 2600 horas de produção "não é fácil, porque as localizações com mais vento já estão ocupados, mas é possivel" por cauda das melhorias na tecnologia. No entanto, lembra que, apesar "da tecnologia ser melhor e mais barata agora, o financiamento é mais caro e por isso vai dar ao mesmo".
Em causa estão, por exemplo,  os 388 MW da Ventinveste, consórcio liderado pela Galp que, por causa dos atrasos com os licenciamentos ambientais perdeu a oportunidade de arranjar crédito antes da crise.
É por isso que, diz o presidente da APREN, "neste momento, é preciso encontrar soluções criativas para dar a volta" à falta de financiamento.
A ENEOP, que integra a EDP Renováveis e a italiana Enel e que tem o maior número de MW construídos (800 em 1200) é um exemplo disso.
A empresa dividiu o projeto em três fases e "desenvolveu a primeira através de um project finance normal, mas quando chegou à segunda fase começou a crise. Então desenvolveram-na com capitais próprios e depois dos parques estarem feitos e de não haver risco é que foram buscar dinheiro à banca para avançar para a terceira fase", contou Sá da Costa.
No entanto, arranjar os 260 milhões não foi fácil e a empresa esteve mais de um ano para o conseguir, tendo fechado acordo com o Banco Europeu de Investimento (BEI) em dezembro do ano passado.
Esse dinheiro serviu para reembolsar os accionistas, que tinham suportado o investimento da segunda fase, mas agora falta ainda a terceira fase - mais 400 MW - e tudo indica que a empresa terá de recorrer novamente a capitais próprios enquanto tenta encontrar crédito.

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