quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Factura da luz das famílias portuguesas é a mais pesada da Europa a 15 | iOnline

Factura da luz das famílias portuguesas é a mais pesada da Europa a 15 | iOnline

Relatório alerta para o aumento a clientes vulneráveis, "pobres no consumo de energia", em países como Portugal e Grécia

As famílias portuguesas são as que pagam a maior factura da electricidade em 15 países da União Europeia, quando o preço é ajustado ao poder de compra. A conclusão é do último relatório da consultora VaasaETT sobre os preços da energia para o segmento residencial na Europa.
O documento, que analisa dados de 2012, conclui que os países com menor poder de compra têm os preços de energia mais altos (Portugal, Grécia e Espanha), em função do poder de compra, e gastam uma fatia maior do seu orçamento em energia. O relatório mostra que o peso da factura da energia eléctrica no rendimento disponível das famílias portuguesas é o mais alto nos 15 países analisados, atingindo quase os 6%, contra uma média europeia que é inferior a 4%.
O documento recorda que no passado a factura energética tinha pouco peso no orçamento das famílias, "mas uma combinação de crise económica e de agravamento dos preços de energia vai certamente aumentar muito o número de lares vulneráveis ou "fuel poor" (pobres no consumo de energia) em países como Grécia, Portugal e outros, especialmente quando os governos impõem medidas draconianas de austeridade e cortam os gastos sociais para responder às exigências dos credores". O governo quer lançar em 2014 uma taxa sobre a produção eléctrica para financiar o défice público, mas assegura que terá efeito neutro nos preços.
SALTO INESPERADO EM PREÇOS IBÉRICOS Comentando a evolução dos preços desde 2009, o relatório salienta que, "talvez de forma inesperada, os preços da electricidade em Portugal e Espanha (que têm um mercado integrado, o Mibel), que costumavam estar abaixo da média da União Europeia a 15, sofreram saltos impressionantes e estão agora entre os mais elevados da Europa".
O estudo é elaborado por uma consultora finlandesa especializada na área do consumo e da energia, a VaasaETT, com colaboração do regulador austríaco. As fontes são o gabinete de estatística da União Europeia, o Eurostat, mas também a "Platts", publicação especializada em preços de energia. A análise do mercado arrancou em 2009 nos 15 países que compunham o universo anterior ao alargamento da União Europeia (Portugal, Espanha, Itália, Grécia, Irlanda, França, Alemanha, Suécia, Dinamarca, Bélgica, Áustria, Finlândia, Reino Unido, Holanda e Luxemburgo).
Portugal lidera também a lista dos maiores aumentos no preço verificados em 2012, excluindo o efeito da inflação, que foi quase 12%. Esta evolução reflecte o aumento extraordinário do IVA sobre a electricidade em Outubro de 2011, para 23%. O aumento médio na Europa a 15 no ano passado rondou os 2%.
As famílias nacionais estão também entre os clientes de electricidade europeus que mais contribuem para o Orçamento do Estado, com o IVA a pesar em termos médios 18% do preço de 2012. Isto não obstante o crescente défice tarifário do sistema eléctrico português, que resulta, no essencial, de os preços finais não cobrirem a totalidade dos custos.
A insuficiente cobertura dos custos pelas tarifas portuguesas é o factor que torna menos atractivo para os clientes mudarem de fornecedor de electricidade. Em 2012, o ganho nacional com a mudança era o terceiro mais baixo da Europa. Mesmo retirando da equação a paridade de poder de compra, o preço final médio pago pela electricidade nas casas portuguesas é o quinto mais alto, ultrapassando por exemplo o verificado em Espanha.
CENÁRIO POUCO MELHORA NO GÁS As comparações relativas aos preços finais do gás natural são apenas ligeiramente melhores. Ponderando o poder de compra, as famílias nacionais tinham a segunda factura mais alta da Europa a 15 no ano passado, apenas ultrapassada pelas da Grécia. O peso desta factura no rendimento disponível era o quarto mais alto, na casa dos 7%. Já no balanço dos aumentos, os lares portugueses sofreram o segundo maior agravamento do preço, descontada a inflação. Quanto aos ganhos com a mudança de fornecedor, indicador que mede o nível de concorrência do mercado, Portugal era o país onde menos compensava mudar.

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