segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Troika aceitará rever as metas do défice mas mudará pouco - Dinheiro Vivo

Troika aceitará rever as metas do défice mas mudará pouco - Dinheiro Vivo

Troika aceitará rever as metas do défice mas mudará pouco

Vítor Gaspar
Ministro crê ter folga de 5 mil milhões
D.R.
27/08/2012 | 00:00 | Dinheiro Vivo
A troika, que amanhã chega a Lisboa para a 5.ª revisão do programa de assistência a Portugal, deverá aceitar rever a meta do défice este ano para um máximo de 6%, tendo em conta a recessão e a acentuada queda da receita de impostos. Ou, em alternativa, poderá dar ‘luz verde’ ao recurso a medidas extraordinárias – a exemplo da incorporação dos fundos de pensões da banca, em 2011. Uma coisa é certa: vão ser precisas mais medidas, mesmo que o cumprimento do défice orçamental de 4,5% do PIB para este ano já esteja afastado. Esta é a convicção da maioria dos economistas consultados pelo Dinheiro Vivo e pela Lusa. Bagão Félix diz que “seria um milagre que o País conseguisse cumprir o que lhe era pedido: redução do défice de mais de 3% do PIB num só ano, com uma recessão igual ou superior a 2%”.
As contas do ex-ministro das Finanças partem do défice real em 2011, superior a 8%, caso as receitas extraordinárias não tivessem existido. E aponta ainda a questão dos juros da dívida pública – “qualquer coisa à volta dos oito mil milhões de euros” –, lembrando que, sem esse “peso brutal”, o saldo global primário “será certamente positivo”.
Com o país em profunda recessão, em grande parte devido à austeridade e à crise mundial, a receita do Estado com impostos caiu 3,5% nos primeiros sete meses do ano, o que levou o Governo a admitir já que não conseguirá cumprir a meta orçamental. Em contrapartida, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, pretende mostrar à troika que é “um bom aluno” e apresentar uma folga do lado da despesa da Administração Central e Segurança Social que pode chegar a 5,4 mil milhões de euros, tendo em conta o andamento da execução orçamental.
Compreensão é, assim, o que todos esperam por parte dos credores, confiantes numa avaliação positiva por parte da troika quanto ao cumprimento do programa de assistência. Até porque, a situação que se vive resulta da degradação da economia internacional, com uma diminuição da procura. Veja-se o caso da vizinha Espanha, o nosso parceiro económico por excelência.Tiago Caiado Guerreira considera que a queda do défice externo, de 8% para 2% num ano, “é histórica”.
Já Bagão Félix e João Duque lembram que a conjuntura negativa, com o aumento do desemprego (valor histórico de 15% em junho, sendo que a taxa real pode chegar a mais de 23%), o aumento da carga fiscal e a quebra do consumo (a cair 6% em julho), decorre da aplicação da receita que a própria troika desenhou. Razão porque a maioria rejeita a adoção de mais medidas de austeridade, considerando que seria contraproducente.
A avaliação da troika ganha importância acrescida se tivermos em conta que é a última antes da discussão do OE para 2013. E que Portugal se comprometeu a baixar o défice para 3%.

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