quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Alemanha cooperou com Setembro Negro depois de ataque nos Olímpicos de 1972 | iOnline

Alemanha cooperou com Setembro Negro depois de ataque nos Olímpicos de 1972 | iOnline

Após o massacre da equipa israelita nos Jogos Olímpicos de 1972 em Munique, o governo alemão entrou em contacto com o Setembro Negro oferecendo-se para criar uma “nova base de confiança” com o grupo terrorista palestiniano.
A informação foi avançada ontem pelo jornal alemão “Der Spiegel”, que teve acesso a documentos, até agora secretos, do executivo da altura, e onde se lê que o então ministro dos Negócios Estrangeiros, Walter Scheel, foi o responsável pelos contactos mantidos com o grupo ao longo de vários anos depois do atentado em Munique – que levou à morte de 11 atletas e treinadores israelitas e um agente da polícia alemã.
Segundo o semanário, quando a polícia francesa deteve Abu Daoud, um dos principais organizadores do massacre levado a cabo nos Olímpicos, e contactou as autoridades alemãs para discutir uma possível extradição, o então secretário da Justiça da Baviera, Alfred Seidl, terá recomendado que a Alemanha não se envolvesse no assunto.
Abu Daoud foi libertado de imediato. Meses depois, o governo da Alemanha Ocidental propunha uma reunião secreta entre Scheel e o palestiniano. O objectivo final: evitar novos ataques na Alemanha.
Mostram os documentos citados pelo “Der Spiegel” que os alemães impuseram um quid pro quo (troca directa de favores) antes da reunião clandestina. A Organização para a Libertação da Palestina (OLP, à qual o Setembro Negro tinha ligação directa) punha um ponto final aos ataques em solo alemão em troca de um upgrade político.
Por outras palavras, a OLP passava a ter legitimidade política perante o governo alemão, mas apenas enquanto mantivesse a sua parte do acordo e não voltasse a levar a cabo, ou permitisse, atentados em território germânico. A fechar o encontro, um outro documento, assinado por Paul Frank, o então secretário de Estado no Ministério dos Negócios Estrangeiros, onde se pode ler: “O capítulo Munique está agora fechado.”
As revelações não caíram bem junto dos israelitas. Assim que a notícia foi avançada (ao final da tarde em Lisboa), vários meios de comunicação do Estado judeu repetiram--na, acrescentando parágrafos com informação actualizada sobre a actual postura da Alemanha para com outros grupos considerados terroristas.
Segundo o “Jerusalem Post”, citando fontes alemães, o Estado alemão tem hoje um quid pro quo com o Hezbollah semelhante ao oferecido ao Setembro Negro: enquanto o movimento político libanês e partido mais votado no Líbano, com elementos no governo, não levar a cabo ataques na Alemanha, 950 dos seus membros podem trabalhar legalmente no país – situação que desagrada às autoridades de Telavive .

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