sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Governo vai lançar novos produtos de poupança para as famílias | iOnline

Governo vai lançar novos produtos de poupança para as famílias | iOnline

O Ministério das Finanças anunciou ontem que o IGCP está “a estudar a criação de novos produtos de poupança a colocar à subscrição oportunamente”. A intenção segue-se ao anúncio da “suspensão das subscrições de certificados do Tesouro a partir de 1 de Setembro de 2012, inclusive”.
O Ministério das Finanças justificou a suspensão com “o reduzido sucesso do produto”, numa altura em que o “governo tem vindo a constatar o desinteresse gradual dos aforradores relativamente aos instrumentos de poupança de retalho emitidos pelo Estado”.
O peso das famílias no financiamento da República nunca foi tão baixo como este ano. Além disso, “o sucesso do Programa de Assistência Económica e Financeira pressupõe a capacidade de restabelecer o acesso a financiamento de mercado, sendo a captação de poupança gerada no país uma componente importante da estratégia a implementar”. Estas razões obrigam o governo a rever também as condições de remuneração dos certificados de aforro das séries B e C, “aumentando a sua atractividade face a outras alternativas de investimento disponíveis no mesmo segmento”.
Os certificados de aforro deixam de ter um prémio progressivo e passam a ter um prémio fixo. Assim, na série B, fechada desde 2008, os certificados de aforro vão pagar 3,28%, um acréscimo de um prémio fixo de 1% (100 pontos base). “Para a série C, de subscrição aberta, suspende-se o prémio actual e substitui-se por um prémio fixo de 2,75% (275 pontos base), obtendo-se uma remuneração de 3,268%.” Ambas as séries são indexadas a taxas de juro de curto prazo.
“Estas condições excepcionais de remuneração estarão em vigor de 1 de Setembro de 2012 até 31 de Dezembro de 2016, data após a qual serão retomadas as condições originais, e estabelece-se um limite máximo de remuneração de 5%.”
João Duque, presidente do ISEG, defende “o lançamento de novos produtos de poupança mais atractivos” e recorda o sucesso das emissões obrigacionistas lançadas por algumas das empresas do PSI 20. “Só uma emissão dessas empresas supera o montante de subscrições registado em sete meses pelos certificados do Tesouro.”
Com esta suspensão, o governo será forçado a alterar a composição do financiamento do Estado até ao final do ano, a qual poderá passar pelo reforço da emissão de bilhetes do Tesouro, considera João Duque, tal como já referiram os especialistas da UTAO.
De Janeiro a Julho, o total dos resgates líquidos (diferença entre emissões e amortizações) dos certificados de aforro e do Tesouro ascende a 1353 milhões de euros, um desvio de 453 milhões de euros acima do previsto pelo executivo de Passos Coelho no OE para este ano (900 milhões de euros).
Este desvio só não é mais elevado graças aos certificados do Tesouro, o único produto de dívida do Estado que até agora suscitava o interesse das famílias, embora com uma procura muito aquém da altura em que foram lançados (Julho de 2010). Este instrumento de poupança contabilizou, até Julho, uma subscrição líquida positiva de 90 milhões de euros, enquanto os certificados de aforro somam perdas líquidas de 1443 milhões.

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