terça-feira, 28 de agosto de 2012

Administração da RTP de costas voltadas para o governo | iOnline

Administração da RTP de costas voltadas para o governo | iOnline

A administração da RTP não concorda com a concessão do serviço público de televisão a um operador privado e qualifica como “descabido” o anúncio feito na passada semana por António Borges.
Em comunicado emitido ontem a chefia da estação pública deixa claro que não acompanha as intenções do executivo, expressas pelo consultor para as privatizações. E adianta que manifestou “em tempo oportuno” a sua discordância relativamente a este cenário. O conselho de administração (CA) liderado por Guilherme Costa contraria uma das teses avançadas em favor da concessão aos privados, afirmando que “não reconhece os argumentos económicos de poupança para o Estado apresentados publicamente em favor deste cenário”. Borges não é poupado: “O CA da RTP considera descabido do ponto de vista institucional a divulgação pública de opiniões favoráveis a um dos cenários ainda em análise.”
Além deste comunicado, o CA dirigiu também uma mensagem aos trabalhadores, na qual especifica as críticas à opção avançada por Borges, garantindo que a entrega da concessão do serviço público a privados “envolve o mesmo custo para o contribuinte que a manutenção da RTP sob propriedade e gestão pública”. Isto apesar de não garantir “o mesmo serviço público, nem o mesmo retorno financeiro para o Estado”.
Expressa a oposição do CA ao novo modelo, o órgão máximo da empresa pública garante que continuará a implementar o Plano de Sustentabilidade Económica e Financeira (PSEF) já definido para a RTP – e lembra que este foi “aprovado pela tutela no final de 2011”.
Contactado pelo i, Guilherme Costa escusou-se a tecer mais comentários sobre esta situação, não adiantando qual a posição do Conselho de Administração caso o governo venha mesmo a optar pela concessão do serviço público a um operador privado. Ao que o i apurou o presidente da RTP admitiu já, perante outros responsáveis da estação, um cenário de saída caso o governo venha a impor a solução de concessão do serviço público a privados.
Já quanto a um alegado cancelamento da ida de Guilherme Costa a Timor-Leste, acompanhando o ministro da tutela, Miguel Relvas, o gabinete de comunicação da RTP garante que esta viagem nunca esteve prevista.
Nem só o conselho de administração da RTP está contra os planos de concessão. Luís Marinho, director-geral da estação já veio afirmar que o modelo de concessão apresentado “foi uma surpresa” e “faz pouco sentido”. Ausente, de visita a Timor-Leste com Relvas, Marinho deixou uma mensagem de solidariedade aos trabalhadores da estação. Os funcionários da RTP reúnem amanhã em plenário para discutir o futuro da estação pública. Ontem, a comissão de trabalhadores emitiu também um comunicado em que critica “a fuga do ministro Miguel Relvas para Timor”, bem como o “desnorte do conselho de administração” – referindo que a atitude de ambos não serve de “bússola” aos trabalhadores, que “continuarão a manter a sua estratégia”– que passa pela manutenção da RTP na esfera pública.

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