quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Setembro será um mês duro para a zona euro. Esta semana será decisiva para Atenas - Dinheiro Vivo

Setembro será um mês duro para a zona euro. Esta semana será decisiva para Atenas - Dinheiro Vivo

Merkel Hollande
Regressam as reuniões para salvar o euro
Dinheiro Vivo | Reuters
22/08/2012 | 14:39 | Dinheiro Vivo

Apesar de Espanha e Itália verem diariamente os seus custos de financiamento agravarem-se, de França estar a entrar em recessão e da Grécia não saber quando vai receber a próxima tranche do resgate, a zona euro vai ter de suster a respiração, fechar os olhos e tapar os ouvidos em agosto, desejando que setembro chegue o mais rapidamente possível.
A roda viva do euro começa já esta semana com reuniões a dois. Merkel, Hollande, Juncker e Samaras vão trocar de salas e de interlocutor para decidir, mais uma vez, o futuro da região. Atenas lidera as reuniões para pedir mais tempo e mais dinheiro.
Estão programadas quatro reuniões em quatro dias. Hoje é o primeiro dia e como tal o primeiro encontro. Começa com a ida de Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo a Atenas. Em causa voltam a estar os 11,5 milhões de poupança para a Grécia. Samaras dirige-se depois até Berlim, para ver Angela Merkel, na sexta-feira, e pedir mais tempo para as ditas reformas. Reunião feita, irá até Paris falar com François Hollande onde pretende uma abordagem idêntica: mais tempo.
Sem Samaras, Juncker, Merkel e Hollande também têm encontro marcado, para falar da crise. A reunião é já amanhã.
Mas estas são só as primeiras movimentações porque em Setembro tudo parece complicar-se:
1. O problema alemão
Bem que Wolfgang Schäuble apelou para que os juízes do tribunal constitucional alemão tomassem uma decisão célere sobre a constitucionalidade do Tratado Orçamental e do fundo de resgate permanente (MEE), mas os altos magistrados fizeram tábua rasa das palavras do ministro das Finanças. O novo fundo de resgate não poderá entrar em ação enquanto a Alemanha, o principal contribuinte com 190 mil milhões de euros, não o ratificar.
"Penso que o tribunal vai aprovar o tratado e o fundo de resgate mas isto não é só um problema político. Merkel tem sabido gerir bem a vontade do eleitorado alemão, que quer, por exemplo, a saída da Grécia do euro e a crise europeia", afirma o professor do ISEG Manuel Farto. "A Alemanha só flexibiliza a política monetária quando houver mais rigidez por parte das políticas orçamentais". A decisão final será conhecida a 12 de setembro.´
2. O dilema do BCE
Mario Draghi, líder do Banco Central Europeu, diminuiu a taxa de juro de referência para mínimos históricos, 0,75%, em junho e uma nova descida para os 0,5% pode estar na calha para a reunião de 6 de setembro. "É de esperar que a taxa de juro venha a descer, mas somente porque as previsões apontam para uma descida da inflação no fu-turo", explica Pedro Cosme Vieira, professor de Economia da Universidade do Porto. "Mario Draghi vai limitar-se a cumprir o seu papel: com a descida da inflação vai colocar mais dinheiro em circulação para a taxa voltar a subir para os 2%."
3. Eleições na Holanda
A Holanda vai a eleições gerais antecipadas a 12 de setembro depois da queda do Governo liderado pelo primeiro-ministro Mark Rutte em abril. Geert Wilders, líder do partido de extrema-direita, recusou aceitar as medidas de austeridade que o Governo tentou impor para cumprir com a meta de 3% de défice para 2013. "Ganhe quem ganhar na Holanda, o essencial nas políticas não vai mudar. A opinião pública no Norte da Europa não vê com bons olhos a situação económica dos países do Sul da Europa, em especial a Grécia", sublinha Manuel Farto. "Veja-se o caso de França com a vitória de François Hollande: a mensagem mudou mas ficou tudo na mesma." As sondagens mais recentes colocam o Partido Socialista a liderar as sondagens, seguido do VVD de Mark Rutte, um fiel aliado de Angela Merkel.
4. A dívida, sempre a dívida
A Europa está fechada para férias em agosto mas os mercados continuam ativos e setembro promete muito suspense em Madrid e Roma. O Governo de Mariano Rajoy enfrenta nova prova de fogo no dia 20 de setembro, data da emissão de obrigações a 10 anos. O juro da dívida de longo prazo tem estado a negociar abaixo dos 7% esta semana, longe dos 7,6% de 26 de julho, mas ainda distante dos 4,9% registados em agosto de 2011. Em Itália, os juros de longo prazo caíram para os 5,8% esta semana, muito abaixo dos 7,2% registados em novembro. O leilão de dívida a longo prazo vai ter lugar a 27 de setembro, data que deverá estar assinalada a vermelho no calendário de Mario Monti.
"Penso que os leilões vão correr bem e não vai haver nenhum tipo de resgate para Espanha e Itália. As emissões a 10 anos deverão ter um juro entre os 6% e os 7%, que são os valores antes da entrada no euro. Daqui para a frente vai sempre haver um diferencial entre os 3,5% e 4% entre os juros da Alemanha e França e os destes países, tal como acontecia anteriormente", afirma Pedro Cosme Vieira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário