sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Banqueiros do BCP e BPI estão a receber metade do salário desde Julho | iOnline

Banqueiros do BCP e BPI estão a receber metade do salário desde Julho | iOnline

Os membros dos órgãos sociais dos bancos liderados por Nuno Amado e Fernando Ulrich já estão a sofrer, desde Julho, um corte de 50% nos seus salários. Em termos médios, os gestores do BCP e BPI vão perder cerca de 18 mil euros mensais, o equivalente a cerca de 126 mil euros só até Dezembro.
A redução para metade do vencimento dos banqueiros foi uma das regras impostas pelo governo às instituições bancárias que recorram ao apoio estatal para se recapitalizarem.
Apesar de esta imposição continuar a gerar polémica, ao ser fortemente contestada pelo sector, já está a ser aplicada no BCP e BPI. “É discutível a eficácia desta medida, mas nós obedecemos ao que a portaria diz”, afirma António Monteiro, presidente do Conselho de Administração do BCP, em declarações ao i.
A portaria, recorde-se, estabelece “claramente que a remuneração dos titulares dos órgãos sociais das instituições recapitalizadas, durante o período de duração desta intervenção, deve sofrer limites que incidem tanto sobre a componente fixa, como sobre a variável, de tal forma que o seu cômputo global não ultrapasse 50% da respectiva remuneração média auferida nos dois anos anteriores”.
Nos últimos dois anos, a remuneração média dos órgãos sociais do BCP fixou-se em 456 mil euros anuais. Já a gestão de Fernando Ulrich recebeu, em média, 554 mil euros anuais em 2010 e 2011. Assim, feitas as contas, o conjunto de gestores do BCP e do BPI vai receber, em média, menos 252,5 mil euros por ano durante o período em que os bancos estiverem a reembolsar o Estado pelo uso de dinheiro público, o equivalente a 18 mil euros mensais por equipa (contabilizando 14 meses). Nos últimos dois anos, recebiam, em média, cerca de 36 mil euros mensais.
A portaria deixou de fora os membros da cúpula da alta direcção dos bancos. Ao escaparem ao corte salarial de 50%, foram detectadas situações em que alguns directores-gerais ficam com um salário mais elevado do que determinados membros dos corpos sociais destes bancos.
BCP pronuncia-se O i sabe que o Conselho de Remunerações e Previdência do BCP, presidido por Baptista Muhongo Sumbe, da Sonangol, vai analisar os cortes salariais e apresentar, em Setembro, uma reflexão sobre a matéria.
A redução dos vencimentos continua a ser classificada pelos banqueiros como populista e demagógica. Os gestores alegam que têm vindo a reduzir os vencimentos de gestão ao longo dos últimos anos, em linha com a conjuntura da crise financeira e perante as exigências regulatórias de que têm sido alvo. No BCP, por exemplo, os gestores não têm remuneração variável desde 2009.
O Banco de Portugal já anunciou que a apreciação e decisão sobre o pedido de acesso a fundos públicos pelo Banif deverão estar concluídas até final de Setembro. Assim, também a gestão liderada por Paulo Tomé irá sofrer cortes salariais.
Administradores provisórios As Finanças injectaram, em Junho, 3000 milhões de euros no BCP e 1500 milhões no BPI, para que os bancos cumprissem os requisitos de capital impostos pela Autoridade Bancária Europeia. Entretanto, o BPI já reduziu o valor para 1300 milhões, depois de ter obtido sucesso no reforço de capital de 200 milhões junto dos seus accionistas.
No caso do BCP, o valor da ajuda poderá subir para 3,5 mil milhões. O banco vai avançar em Setembro com um aumento de capital de 500 milhões de euros, destinado aos accionistas. No entanto, o Estado assumiu a tomada firme, ou seja, irá subscrever as acções em caso de insucesso da operação, pelas quais pagará 4 cêntimos.
A ajuda foi concretizada através da subscrição pelo Estado de instrumentos de capital elegíveis para Core Tier 1. São obrigações directas, não garantidas, sem termo, e subordinadas, pelas quais os bancos pagarão uma taxa anual de 8,5%.
O ministro das Finanças já deveria ter nomeado, até ao final de Julho, os gestores que vão integrar os órgãos do BCP e do BPI e fiscalizar o uso do dinheiro proveniente da linha de apoio da troika. O Estado vai nomear um representante para o BPI e dois para o BCP, que neste banco terão mesmo assento no conselho de administração.
Questionado, o Ministério das Finanças confirma que “ainda não foram nomeados” e não adianta prazos para que tal aconteça. Permanece a incógnita do vencimento que esses administradores vão auferir.
Em Espanha, o governo de Mariano Rajoy vai limitar em 500 mil euros a remuneração fixa dos bancos intervencionados. A medida deverá ser aprovada hoje em conselho de ministros. A. S. e M. B. S.

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