terça-feira, 5 de novembro de 2013

Chineses da EDP puxam orelhas a Portas | iOnline

Chineses da EDP puxam orelhas a Portas | iOnline

Mensagem terá sido dada em Macauno encontro do presidente da China Three Gorges com Paulo Portas

A contribuição extraordinária sobre o sector energético é encarada como um facto consumado pelos principais accionistas da EDP. Mas apenas para vigorar em 2014. Esta tem sido a mensagem transmitida pelos responsáveis da China Three Gorges nas conversas com governantes portugueses. O tema terá sido abordado no encontro entre o presidente da empresa, Cao Guangiing, e o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, que se realizou ontem em Macau no quadro da 4.a reunião do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os PALOP.
Segundo informação recolhida pelo i a partir de uma fonte em Macau, o tom da conversa foi cordato. Os chineses são pragmáticos e não querem guerras. Aceitam por isso engolir a contribuição, mas apenas a título extraordinário e para o próximo ano. Ou seja, não querem mais surpresas para 2015. Se no ano seguinte (2015) as medidas de penalização da EDP se mantiverem, tal como foram concebidas, então teremos problemas, admitiu a fonte contactada pelo i.
Na apresentação do novo pacote de cortes até 1400 milhões para o sector eléctrico, o ministro do Ambiente e da Energia, Jorge Moreira da Silva, admitiu que a contribuição poderia não se aplicar apenas no próximo ano. Mas as declarações de ontem de Paulo Portas sobre o tema estão a ser lidas como indo de encontro às expectativas chinesas.
"Portugal nunca aceitaria alterações de natureza contratual ou regulatória porque Portugal gosta de honrar a sua palavra e os seus compromissos. Outra coisa são alterações de natureza fiscal que se justificam por uma circunstância excepcional, num momento extraordinário e em que se tem de pedir mais a quem pode mais para se ter autoridade para pedir aos demais." No seminário "No caminho da internacionalização", o vice-primeiro-ministro lembrou ainda as alterações no IRC, uma medida "boa para todas as empresas, incluindo para as empresas chinesas que operam em Portugal, que foi a descida do IRC nos próximos quatro anos". Fonte oficial do gabinete do vice-primeiro confirmou ao ao i o encontro com o chairman da China Three Gorges em Macau, mas não deu pormenores sobre a conversa.
Paulo Portas foi o membro do governo a quem o presidente da China Three Gorges escreveu, há cerca de um mês, uma carta violenta de protesto contra a criação do imposto sobre a energia. Ontem foi a primeira vez que o governante, que tem a pasta da diplomacia económica, falou publicamente sobre o tema. O ministro da Energia já tinha revelado a existência de conversas em Lisboa com os representantes da China Three Gorges, que tem 21,3% da EDP. Na semana passada Paulo Portas esteve no jantar dos 35 anos da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa.
A versão final da contribuição sobre as centrais eléctricas foi alargada a outras actividades e empresas de energia (gás natural e petróleo), suavizando o impacto sobre a EDP, que está estimado em 45 milhões de euros. A taxa deverá gerar 153 milhões, dos quais 100 milhões irão para o Orçamento do Estado.

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