quarta-feira, 18 de julho de 2012

Se almoçar todos os dias no escritório oferece 16 dias de trabalho por ano ao patrão | iOnline

Se almoçar todos os dias no escritório oferece 16 dias de trabalho por ano ao patrão | iOnline

Se você é daqueles empregados stressados que leva o almoço e come no próprio escritório, saiba que em média trabalha mais 128 horas de borla.

Quase 60% dos assalariados do Reino Unido levam todos os dias a lancheira para o escritório e comem o almoço nas instalações da própria empresa, praticamente sobre o computador, em vez de usar os 60 minutos diários a que têm direito por lei. O resultado é a oferta anual de 16 dias de trabalho gratuito ao respectivo patrão, segundo investigadores da Universidade de Aston em Birmingham.
Apesar de em Portugal não ter sido feita qualquer sondagem sobre a matéria, a extrapolação deste inquérito, pelos menos a nível individual, é igualmente preocupante. Ann Tonks, a responsável do distrito empresarial de Colmore, em Birmingham, atribui a responsabilidade à crise económica: “Penso que o ethos da austeridade afectou profundamente a nossa atitude face ao almoço”, disse ao jornal “Daily Mail”.
Muitos empregados britânicos recusam-se a fazer uma pausa para almoço e metade dos inquiridos no estudo admitiu que sente culpa quando usa diariamente uma hora para almoçar.
Uma sondagem a mil empregados descobriu que 60% dos trabalhadores comem na mesa de trabalho e dois terços só gastam 30 minutos do seu tempo a almoçar.
O resultado é que os trabalhadores oferecem 16 dias de trabalho gratuito aos patrões, ao comerem à mesa de trabalho. Isto significa que trabalham 128 horas extra, o que equivale a oito horas diárias durante 16 dias.
Um especialista em assuntos de trabalho disse que os trabalhadores estão a colocar a sua saúde em risco ao recusarem fazer a pausa legal para almoço.
O decano do departamento de Gestão da Universidade de Aston, Patrick Tissington, disse que “as pessoas se sentem sob pressão no local do emprego, com muitas a passarem longas horas à secretária, batendo nas teclas do PC, vidradas nos monitores e sentadas com má postura”.
O especialista recorda que é importante que os trabalhadores façam pausas regulares, se levantem, se mexam e caminhem um pouco.
“Descansar ou fazer uma pausa a meio do dia ajuda a clarear as ideias e prepara-nos para uma tarde mais produtiva”, afirma.
“Não importa o que se faça durante a pausa do almoço, o importante é que se faça algo diferente”, salienta.
Tissington afirma que faz questão de se afastar do escritório ao almoço e escolher deliberadamente almoçar em locais diferentes, variando até o caminho para lá chegar.
A pausa do almoço tem o benefício do exercício, disse, acrescentando que trabalhar numa grande organização dá a oportunidade de encontrar colegas de diferentes departamentos.
As pessoas que responderam ao inquérito admitiram que não almoçam fora do trabalho para ver se conseguem progredir mais depressa nas suas carreiras.
Uma das inquiridas, a relações públicas Tammy Phillips, de 24 anos, revelou que não almoça fora da empresa há dois anos.
“Eu acho que se pode trabalhar melhor quando o ambiente está mais sossegado e também porque não prejudica a carreira se o patrão nos vir a trabalhar quando todos os colegas foram à rua comer uma sandes”, explicou.
“A competição pelos empregos é agora tão feroz que conheço colegas que deixaram de fumar só porque não queriam ser olhados com desconfiança por fazerem pausas para fumar. Quero progredir e farei a pausa de uma hora para almoçar quando for eu o patrão.”
Quando um assalariado faz uma pausa, o seu cérebro continua activo, como recordam o psicólogo francês Yves François e o médico em neurociências Jérémy Grivel: “Fazemos uma pausa e o cérebro continua muito activo e a consumir tanta energia como quando se lê uma página. Apenas funciona de forma diferente.”

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