sexta-feira, 4 de maio de 2012

Mário Lino investigado por tráfico de influências

O ex-ministro das Obras Públicas, Mário Lino, começou ontem a ser ouvido como testemunha no âmbito do processo Face Oculta, em Aveiro, mas o "Correio da Manhã" (CM) avança que mal acabe o depoimento, o ex-governante será constítuido arguido por tráfico de influências.

A acusação é decorrente de uma certidão do processo que se mantém no Ministério Público de Aveiro. No entanto, o diário diz que esta foi extraída logo após o "Face Oculta" seguir para julgamento, mas que "a inquirição de Lino antes de ser ouvido como testemunha abriria a possibilidade de este se remeter ao silêncio".

O CM avança que o MP espera agora que o antigo ministro de Sócrates termine o seu testemunho, o que deverá acontecer dia 10 deste mês, e acrescenta que as "divergências" nas declarações ao tribunal deverão consolidar a prova contra Lino.

Ontem, no Tribunal de Aveiro, Mário Lino disse que jamais se referiu às empresas do sucateiro Manuel Godinho, principal arguido do processo 'Face Oculta' como "amigas do PS".

"Nem pensar", afirmou Lino, contrariando assim o que fora dito pela sua secretária de Estado, Ana Paula Vitorino. Durante a fase de instrução, a ex-secretária de Estado dos Transportes disse ter sido abordada pelo então ministro para resolver o conflito existente entre a Refer e o grupo de Manuel Godinho, alegando que as empresas do sucateiro eram aliadas do PS.

O antigo titular da pasta das
Obras Públicas disse, ontem de manhã, que recebeu Godinho, que o ouviu queixar-se de que as suas empresas estariam a ser perseguidas pela Refer, e que pediu ao presidente da instituição, Luís Pardal, para escutar as razões do sucateiro.

Ainda assim, garantiu ter assumido, perante o próprio Godinho, que ele próprio também tinha dúvidas sobre a lisura do seu grupo empresarial, nos negócios com a Refer, e que isso o levara a mandar dois relatórios alusivos para a Procuradoria-Geral da República.

Na descrição da conversa, Lino não referiu, por exemplo, que Godinho lhe falara de um acórdão da Relação do Porto favorável às suas empresas e que se relacionava com o processo 'Carril Dourado', sobre furto de
Carris na linha do Tua. E, segundo o procurador Marques Vidal, esse facto tinha sido mencionado perante o Tribunal Central de Investigação Criminal.

Ainda na tarde de hoje, Mário Lino deu a imagem de um ministro assoberbado, mas de gabinete aberto. "Até trabalhadores recebia", garantiu, depois de o advogado Pedro Duro, representante da assistente Refer, ter manifestado "estranheza" por o ex-ministro receber o sucateiro Manuel Godinho, que representava um por cento nos serviços prestados a 22 empresas tuteladas pelo
Ministério das Obras Públicas.


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