segunda-feira, 14 de maio de 2012

BCE admite pela primeira vez possibilidade da Grécia sair do euro - Dinheiro Vivo

BCE admite pela primeira vez possibilidade da Grécia sair do euro - Dinheiro Vivo

Mario Draghi
Mario Draghi
D.R.
14/05/2012 | 09:52 | Dinheiro Vivo
Os banqueiros centrais da zona euro estão a falar pela primeira vez publicamente sobre a possibilidade da Grécia sair da união monetária à medida que o impasse político continua em Atenas.Os comentários dos membros do conselho do Banco Central Europeu (BCE) indicam que o risco de fragmentação da zona euro está a ser levado a sério pelos decisores políticos da região, de acordo com o Financial Times.
Isto representa uma mudança significativa no BCE, que argumentou previamente que os tratados europeus não permitem uma saída do euro e que uma separação vai causar danos económicas incalculáveis.
“Prevejo um divórcio amigável, se for necessário. A saída seria possível, mas ainda assim eu lamentaria”, disse ao Financial Times, o governador do banco central belga, Luc Coene.
Patrick Honohan, o governador do banco central irlandês, disse numa conferência na Estónia, durante o fim-de-semana: “Podem acontecer coisas que não estão previstas pelos tratados. Tecnicamente, pode [saída da Grécia] ser gerida… Não é fatalmente necessária mas não é atractiva”.
Assim como decisores políticos na zona euro, o BCE aumentou a pressão sobre a Grécia para manter-se fiel ao programa acordado sobre o resgate internacional – e avisou que rasgar o acordo iria levar ao fim da ajuda financeira externa.
O líder do Bundesbank, Jens Weidmann, membro do conselho do BCE, avisou em entrevista este fim-de-semana que: “As consequências para a Grécia [de uma saída da zona euro] seriam bem mais sérias do que para o resto da zona euro”.
O secretário de Estado da Economia britânico, Vince Cable, disse que o Reino Unido “deve esperar” que os corta-fogos da zona euro sejam suficientemente fortes para prevenir o contágio para a Itália e Espanha se a crise se alargar além da Grécia e Chipre. Caso contrário, isto teria um “impacto massivo” no comércio britânico.
Em contraste com os comentários do fim-de-semana, o presidente do BCE, Mario Draghi, disse em Dezembro que uma saída da zona euro iria resultar numa “quebra substancial do tratado existente” com consequências incalculáveis para o bloco monetário.
Neste momento, a Grécia parece encaminhar-se para novas eleições após vários partidos políticos terem estado em negociações para formar uma coligação.
O líder da Nova Democracia, Antonis Samaras, acusou a Coligação de Esquerda Radical de bloquear os esforços para quebrar o impasse, mesmo após o primeiro-ministro de saída, Lucas Papademos, colocar a circular uma carta onde sublinha a deterioração da situação orçamental do país.
O presidente Karolos Papoulias reuniu-se ontem com os líderes dos quatro partidos mais pequenos que também ganharam lugares no parlamento.
Os analistas estão a dar opiniões divergentes sobre o que pode acontecer de seguida, segundo o Financial Times. Um comentador de direita disse que ainda era possível que os deputados dos Gregos Independentes, juntarem-se à Nova Democracia de forma a dar aos dois partidos um maioria simples.
Mas um analista socialista disse que o líder do Pasok, Evangelos Venizelos, iria recusar um governo que não incluísse o Syriza ou a Esquerda Democrática. “Estamos claramente a caminho de outra eleição”, disse.

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