segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Carros movidos a combustíveis fósseis têm os dias contados - ionline.pt

O recente escândalo da VW não pôs fim aos carros tradicionais, mas poderá ter acelerado a aposta dos fabricantes nos carros eléctricos.

O recente escândalo da Volkswagen, acusada de falsear as emissões poluentes em veículos a gasóleo, veio abrir um novo capítulo na indústria automóvel. Várias marcas, incluindo o fabricante alemão, já admitiram que vão avançar com novas estratégias que, a médio prazo, vão ditar o fim dos carros movidos a combustíveis fósseis.

Uma das primeiras marcas a anunciar esta nova estratégia foi a Toyota Motor, ao afirmar que só vai produzir carros que funcionam apenas com combustíveis fósseis até 2050. Nessa altura, a empresa prevê vender apenas veículos híbridos, eléctricos ou movidos a hidrogénio (que emite apenas vapor de água).

Segundo o fabricante, com esta medida seria possível reduzir as emissões de dióxido de carbono dos seus veículos novos em cerca de 90%, comparativamente com o volume dos carros Toyota recém-saídos da fábrica. Além disso, segundo o mesmo, consegue-se reduzir a dependência da gasolina e do gasóleo ainda comum neste sector.
Para atingir este objectivo, o fabricante japonês espera intensificar a produção do Mirai – comercializado no Japão desde o ano passado e que foi o primeiro veículo a hidrogénio vendido em série – das 700 para as 3 mil unidades anuais em 2017.

Ao mesmo tempo, pretende começar a vender autocarros de hidrogénio em Tóquio, cidade onde espera comercializar uma centena em 2020. Nessa data também quer vender 1,5 milhões de veículos híbridos anualmente, ou seja, 20% mais do que em 2014, e que o volume de emissões dos seus automóveis novos seja cerca de 22% inferior ao de 2010.

Também o fabricante alemão, no dia em que anunciou um plano de cortes nos investimentos na ordem dos mil milhões de euros, e para fintar, em parte, o escândalo das emissões poluentes, anunciou que irá reorientar a sua produção para os veículos eléctricos. Neste segmento, o primeiro modelo de referência a sair para mercado poderá ser o novo Phaeton, o carro topo-de-gama do grupo Volkswagen. Ao mesmo tempo será reforçada a sua aposta na produção do Golf GTE, que já está actualmente em comercialização.

A Nissan segue o mesmo exemplo ao continuar a apostar no modelo Leaf, o primeiro carro eléctrico que começou a ser fabricado em série em 2010. A marca já veio admitir que quer “tornar-se líder mundial na produção de carros eléctricos”, salientando que vai fazer tudo o que está ao seu “alcance para atingir esse objectivo” com o parceiro de aliança, a Renault. 

A Ford também não fica alheia a esta tendência, reforçando a sua aposta tanto nos modelos híbridos como nos eléctricos. Exemplo disso são os modelos C-MAX Energi, Focus Electris e Fusion Energi.

 Até a Porsche mostrou recentemente o seu primeiro automóvel de quatro lugares totalmente eléctrico. O Mission E apresenta-se como um desportivo eléctrico com 600 cavalos de potência e 500 quilómetros de autonomia, e promete carregar 80% da sua bateria em 15 minutos.
Oferta já existe Várias marcas já oferecem essas alternativas no mercado português. A Mercedes, a Nissan, a Renault, a Opel, a Peugeot e a Volkswagen comercializam modelos exclusivamente eléctricos em Portugal. O certo é que os preços que são actualmente cobrados acabam por afastar muitos consumidores. Estes veículos custam, em média, 15 500 euros, e os donos destes carros são ainda confrontados com custos adicionais, uma vez que são obrigados a pagar um aluguer mensal das baterias que pode ir dos 50 aos 80 euros.

Mas nem tudo são desvantagens. O custo de utilização é mais baixo do que o dos carros tradicionais. Mas vamos a números. Se optar por um carregamento nos postos públicos nacionais, não tem qualquer tipo de custo; caso contrário, terá de gastar um euro por cada cem quilómetros percorridos. 

O próprio governo já está a tentar dar um empurrão a estes carros alternativos ao anunciar que vai incluir na sua frota 1200 veículos eléctricos ao longo dos próximos cinco anos. Além de reduzir a factura ambiental, a administração pública espera também poupar cerca de 50 milhões de euros. Já o investimento total deverá rondar os 25 milhões de euros. 
Primeiro carro eléctrico nacional A produção e comercialização do primeiro carro eléctrico português arranca já no próximo ano. Chama-se Veeco e vai ter apenas dois lugares, três rodas – o que permite uma maior eficiência energética, um elemento fundamental nos carros eléctricos – e portas de abertura vertical. Os responsáveis pelo seu desenvolvimento – VE/Veículos Eléctricos, em consórcio com o Instituto Superior de Engenharia de Lisboa e a fábrica Fibrauto – prometem que gasta menos de um euro para fazer 100 quilómetros e tem autonomia para 400 quilómetros devido à elevada eficiência. Feitas as contas, consome 09/10 quilowatts por hora a 100 quilómetros por hora.

De acordo com o mentor do Veeco, João Oliveira, o carro pode ser carregado durante a noite numa ficha normal monofásica e é indicado “para todos os que têm necessidade de utilizar carro para percursos diários não muito longos”.

Este veículo envolveu um investimento de dois milhões de euros, conta actualmente com 50 trabalhadores e está previsto criar mais 20 postos de trabalho. O modelo vai ter três versões diferentes e os preços variam entre os 23 mil e os 25 mil euros. 
Mais revoluções A Tesla também tem chamado a atenção do mercado com os seus modelos. Mas nem sempre pelas melhores razões. De acordo com um recente ranking nos Estados Unidos, apenas agrada aos consumidores que não têm nenhum. É que quem os comprou apresenta várias razões de queixa da fabricante de automóveis. A ideia de adicionar um tecto de abrir aos modelos levantou questões de confiabilidade, diz a “Consumer Reports”, e há quem se tenha queixado de ter sido obrigado a mudar o motor eléctrico do automóvel. Já os rumores sobre um carro da Apple ganham contornos cada vez maiores. Apesar de não confirmar esta informação, o CEO da empresa, Tim Cook, admitiu recentemente que a “indústria está num ponto de viragem para uma mudança massiva, não só uma mudança evolucionária”. O responsável diz que, a curto prazo, o objectivo da empresa é dar às pessoas “uma experiência iPhone dentro do carro”, referindo-se ao sistema “CarPlay”, acrescentando também que “o software torna-se um componente cada vez mais importante do carro do futuro. A condução autónoma torna-se muito mais importante, assim como muitas outras tecnologias, como o fim de combustíveis fósseis”. 

Foi também criado um protótipo de pneus capazes de transformar o calor e as vibrações originadas pelo movimento em fonte de energia directa. Desta forma, consegue carregar as baterias dos carros eléctricos. Trata-se do BH-03, desenvolvido pela empresa norte-americana Goodyear Tire & Rubber Company, mas ainda não tem data marcada para o seu desenvolvimento ou comercialização. Isto significa que representa um combustível renovável que permitirá alimentar não só a bateria dos motores de veículos eléctricos, mas também outros elementos que necessitem de energia. Ou seja, a temperatura e o movimento são os dois factores que possibilitam o funcionamento desta tecnologia. Também o Reino Unido anunciou recentemente um projecto para testar a tecnologia de “carregamento de veículos sem fios”. O sistema será supostamente instalado sob o asfalto em algumas das principais estradas, evitando assim que os motoristas precisem de parar para recarregar as baterias. O país já investiu neste projecto cerca de 300 mil euros (200 mil libras), para investigar a viabilidade da ideia. Se não resultar, avança com um plano B que será instalar pontos de recarga de bateria a cada 32 quilómetros na sua rede de estradas. 

Esta ideia não é nova. Em 2013, a cidade sul-coreana de Gumi reconstruiu uma rua de 12 quilómetros, permitindo que autocarros eléctricos sejam recarregados enquanto circulam. O processo chama-se “carregamento por indução magnética”. São cabos eléctricos enterrados sob o asfalto que produzem campos magnéticos que são absorvidos por um receptor no carro e depois convertidos em electricidade. No ano passado, também a cidade britânica de Milton Keynes testou um esquema parecido, porém mais limitado, que recarregava baterias de autocarros eléctricos através de placas instaladas no meio da rua.

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