quinta-feira, 1 de novembro de 2012

"Falta de articulação" e envolvimento "precário" dos profissionais explicam baixa adesão ao rastreio do cancro da mama | iOnline

"Falta de articulação" e envolvimento "precário" dos profissionais explicam baixa adesão ao rastreio do cancro da mama | iOnline

Um estudo realizado por uma investigadora da Universidade de Aveiro (UA) conclui que há "falta de articulação" entre os serviços de saúde público-privados, e um envolvimento "precário" dos profissionais de saúde, no programa de rastreio do cancro da mama.
O estudo de Célia Freitas, realizado no âmbito da sua tese de doutoramento em Didática e Formação, a que a Lusa teve hoje acesso, procurou saber porque é que apenas 50 por cento das mulheres do concelho de Aveiro aderem ao programa de rastreio da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC).
A investigadora justifica esta adesão com o facto de os profissionais de saúde "encaminharem as suas utentes para o radiologista privado", devido a "algum desconhecimento sobre o funcionamento do programa".
Esta situação, de acordo com Célia Freitas, "reflete alguma falta de articulação entre os serviços de saúde público-privados e o precário envolvimento dos profissionais de saúde neste programa".
A investigadora diz que esse cenário existe "talvez devido à maior responsabilização da LPCC pela sua organização e operacionalização no terreno, devendo as unidades de saúde apresentar estratégias no seu plano de ação, a fim de promover o programa de rastreio".
Além dos fatores relacionados com o próprio sistema de cuidados de saúde, a investigadora detetou também a existência de "questões de ordem individual" que "bloqueiam" a adesão das mulheres do concelho de Aveiro ao plano de rastreio.
"É o caso das crenças individuais que estão relacionadas, por exemplo, com a fiabilidade do exame realizado na unidade móvel junto do centro de saúde, a sobrevalorização da ecografia mamária, o desleixo com a própria saúde, os exames preventivos, o esquecimento e a falta de tempo", diz a investigadora.
Acrescido a estes fatores, aponta Célia Freitas, "as mulheres que não frequentam os centros de saúde, ainda referem ser pouco prático o resultado do exame ser enviado para o médico de família, o que lhes impossibilita mostrar ao médico que costumam consultar".
O medo da deteção da doença e a dor ou o desconforto, que o exame provoca nas mulheres, são outros dos fatores que o estudo conclui estarem a contribuir para a não adesão ao plano de rastreio.
Para aumentar as taxas de adesão ao plano de rastreio, a investigadora sugere que as mulheres passem a ser convocadas utilizando formas "mais personalizadas".
A formação e atualização dos profissionais de saúde no âmbito do rastreio, a promoção de uma articulação mais efetiva entre a LPCC e o centro de saúde e a criação de uma "call centre", no Centro de Saúde de Aveiro e na LPCC, são outras das medidas apontadas pela investigadora.
O estudo abrangeu 805 mulheres, entre os 45 e os 69 anos, residentes no concelho de Aveiro.

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