segunda-feira, 15 de julho de 2013

Partidos têm sete dias para "salvar o país" | iOnline

Partidos têm sete dias para "salvar o país" | iOnline

PS, PSD e CDS iniciaram ontem conversações para chegar ao compromisso de salvação nacional pedido por Cavaco Silva

Os partidos estabeleceram ontem o prazo de uma semana para tentar chegar ao acordo de salvação nacional pedido pelo Presidente da República na passada semana. PS, PSD e CDS iniciaram as negociações com um encontro que serviu para discutir "a metodologia de trabalho" e fixar o prazo de uma semana "para dar boa sequência aos trabalhos previstos para a procura" de um compromisso.
Na reunião, que decorreu em local não divulgado, estiveram Alberto Martins, que lidera as conversações pelo PS, Pedro Mota Soares, em representação do CDS, e Jorge Moreira da Silva, que chefia a delegação do PSD. Nomes que vão conduzir as conversas durante toda a semana. Uma entrada em cena dos líderes só na recta final da ronda de negociações e se o compromisso chegar a bom porto.
O encontro - que mereceu uma nota pública de teor idêntico e divulgada praticamente em simultâneo pelos partidos - foi agendado depois de o PS ter tornado pública, durante a tarde de ontem, a disponibilidade para avançar para negociações. De acordo com uma "cronologia" de todo este processo, publicada no site do partido, esta posição foi transmitida por António José Seguro ao Presidente da República na noite de sábado, depois de "conhecidas as posições públicas de auto-exclusão do processo de diálogo por parte dos líderes do PCP e do BE". Um ponto que o PS faz questão de destacar, insistindo que "todos os partidos políticos com representação parlamentar deveriam ser convidados a participar". A referida cronologia diz, aliás, que a insistência de António José Seguro neste ponto "durou toda a manhã e toda a tarde de sábado".
Ultrapassada esta fase, o PS diz-se disponível para conversações sobre os três pilares definidos por Cavaco Silva - "incluindo a realização de eleições antecipadas em Junho de 2014".
O sublinhado ao primeiro dos "três pilares fundamentais" enunciado por Cavaco Silva não é casual. Como admite fonte da maioria ao i, este é um ponto que suscita muito pouco interesse junto dos partidos do governo. Por outras palavras, PSD e CDS estão mais interessados em definir - e vincular o PS - a medidas concretas para o cumprimento das metas financeiras a que o país está obrigado.
O prazo definido pelos partidos vai de encontro ao pretendido por Cavaco Silva que, na última sexta-feira, pediu que as negociações sejam concluídas "num prazo muito curto". Belém prepara-se agora para esperar o desfecho das negociações, sem grandes intervenções no processo. Na mensagem ao país, Cavaco Silva deixou claro que não fará de mediador entre os partidos, papel que atribuiu a "uma personalidade de reconhecido prestígio que promova e facilite o diálogo" - mas que só será designada caso os partidos o requeiram.
DAS NEGOCIAÇÕES À CENSURA
No mesmo dia em que se iniciaram as conversações, e ainda sem que seja conhecido o texto, o PS veio desde já tornar público que votará a favor da moção de censura do Partido Ecologista Os Verdes, que será votada na Assembleia da República na próxima quinta-feira (ver texto ao lado). Um anúncio recebido com alguma surpresa na maioria, onde há quem veja o facto de o maior partido da oposição aprovar uma moção de censura ao governo enquanto negoceia com PSD e CDS como um sinal de que dificilmente esta semana terminará com um acordo de salvação nacional.
À esquerda, o anúncio do PS não travou as críticas de PCP e Bloco. "O PS tem o direito e a liberdade de se juntar com quem quiser, não pode é pedir ao PCP que se junte àqueles que realizaram esta política de direita", criticou ontem o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa. "Ao menos tenham a dignidade de assumir que estão mais para lá do que para cá, que estão mais com a política de direita", afirmou o líder do PCP. Pelo BE, primeiro foi João Semedo a afirmar que o partido rejeita fazer parte "da família da 'troika'" e a desafiar o PS a recusar negociações. Ontem, conhecido o sim socialista à moção de censura, Catarina Martins veio defender que o PS quer fazer a quadratura do círculo: "Não se pode querer eleições, querer um novo Governo e aceitar negociar manter o mesmo Governo".

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