Acusado de delinquência pelo porta-voz do PP, oex-tesoureiro do partido no poder deitou mais achas na fogueira do escândalo da economia paralela dos conservadores. Bárcenas enviou SMS trocados com Rajoy ao "El Mundo". Líder da oposição exige "demissão ime
Se a vingança se serve fria, Luis Bárcenas serviu-a gelada a Mariano Rajoy e à restante cúpula do Partido Popular (no poder). Da prisão, onde está detido preventivamente desde 27 de Junho à espera de julgamento, o ex-tesoureiro do partido revelou ao "El Mundo" que ele e o presidente dos conservadores se mantiveram em contacto até Março deste ano, através de encontros pessoais, trocas de emails, mensagens de telemóvel e conversas telefónicas. "Nada é fácil, mas estamos a fazer o que podemos", garantiu Rajoy num dos SMS ontem revelados pelo diário espanhol. "Ânimo, Luis."
A Bárcenas não lhe pareceu que tudo estivesse a ser feito para o ajudar depois de o "El País" ter, no início do ano, divulgado documentos seus manuscritos em que constava toda uma economia paralela do partido - revelando que, ao longo dos últimos 30 anos, o PP se financiou de forma ilegal recebendo "doações" em dinheiro vivo de construtores e outros empresários, que por sua vez obtinham adjudicações de obras ou contratos com administrações governadas pelo partido.
Foram milhões de pesetas que Rajoy e outros dirigentes receberam por baixo da mesa, em envelopes e caixas de charutos, dinheiro depois depositado em contas secretas. Sábado, o juiz Pablo Ruz, que preside às investigações dos casos Bárcenas e Gürtel, ordenou o congelamento de mais cinco destas contas, todas em Espanha. A dada altura, Bárcenas chegou a ter 47 milhões de euros em contas na Suíça.
No final da semana passada, o porta- -voz dos conservadores no parlamento, Alfonso Alonso, disse que Bárcenas não passa de "um delinquente que fez da mentira o seu estilo de vida". Foi a gota de água que fez transbordar o copo. A um dia de começar a ser ouvido pelo juiz Ruz, numa audiência marcada para hoje, o ex-tesoureiro reencaminhou para o "El Mundo" parte das mensagens trocadas com Rajoy até há quatro meses.
Bárcenas guardou silêncio durante muito tempo sobre todo o caso, pela ligação próxima ao actual presidente do partido, que o nomeou gestor das finanças partidárias. Durante esse período foram vários os pedidos de Rajoy a Bárcenas para que negasse a contabilidade paralela e os pagamentos ilegais. Os SMS - "todos os que foram disponibilizados [por Bárcenas], mas parte de um conjunto maior", sublinha o "El Mundo" - assim o comprovam. Os contactos "foram permanentes pelo menos entre Maio de 2011 e Março de 2013", aponta o diário, e acrescenta: "Bárcenas mostrou especial interesse na sua difusão."
Reagindo de imediato à manchete do jornal, fontes do Partido Popular disseram que esta divulgação só prova que Bárcenas age por vingança e que esta estratégia procuras desviar as atenções do caso judicial contra ele: o Gürtel, uma investigação a outra rede de corrupção que envolve os populares. Viagens de núpcias e casamentos, relógios, jóias, carros, fatos, sapatos de luxo e, claro, dinheiro, tudo valeu naquela que é já considerada uma das maiores redes de corrupção alguma vez montadas em Espanha e que envolve mais de 70 pessoas, de empresários do sector da publicidade e organização de eventos a eleitos locais do PP.
Perante as revelações de ontem, Alfredo Rubalcaba também não perdeu tempo. O líder da oposição socialista convocou uma conferência de imprensa em Madrid para exigir a "demissão imediata" do governo, declarando que o seu partido rompe, com efeito imediato, todas as relações com o PP. "Face à situação política insustentável que Espanha atravessa, o Partido Socialista vê-se obrigado a exigir a demissão imediata do chefe do governo, Mariano Rajoy."
Inúmeros jornais espanhóis questionavam ontem se Rajoy, que hoje fala em conferência de imprensa ao lado do seu homólogo polaco, vai finalmente responder às questões dos jornalistas. Da última vez que o chefe do executivo espanhol fez declarações públicas sobre o escândalo, a 3 de Julho, tal serviu apenas para dizer que não ia falar sobre o assunto. Numa altura em que os espanhóis enfrentam duras medidas de austeridade e reformas económicas para reduzir a dívida e evitar um pedido de resgate internacional, e em que o desemprego ultrapassa já os 27%, o silêncio não deverá bastar desta vez.
A Bárcenas não lhe pareceu que tudo estivesse a ser feito para o ajudar depois de o "El País" ter, no início do ano, divulgado documentos seus manuscritos em que constava toda uma economia paralela do partido - revelando que, ao longo dos últimos 30 anos, o PP se financiou de forma ilegal recebendo "doações" em dinheiro vivo de construtores e outros empresários, que por sua vez obtinham adjudicações de obras ou contratos com administrações governadas pelo partido.
Foram milhões de pesetas que Rajoy e outros dirigentes receberam por baixo da mesa, em envelopes e caixas de charutos, dinheiro depois depositado em contas secretas. Sábado, o juiz Pablo Ruz, que preside às investigações dos casos Bárcenas e Gürtel, ordenou o congelamento de mais cinco destas contas, todas em Espanha. A dada altura, Bárcenas chegou a ter 47 milhões de euros em contas na Suíça.
No final da semana passada, o porta- -voz dos conservadores no parlamento, Alfonso Alonso, disse que Bárcenas não passa de "um delinquente que fez da mentira o seu estilo de vida". Foi a gota de água que fez transbordar o copo. A um dia de começar a ser ouvido pelo juiz Ruz, numa audiência marcada para hoje, o ex-tesoureiro reencaminhou para o "El Mundo" parte das mensagens trocadas com Rajoy até há quatro meses.
Bárcenas guardou silêncio durante muito tempo sobre todo o caso, pela ligação próxima ao actual presidente do partido, que o nomeou gestor das finanças partidárias. Durante esse período foram vários os pedidos de Rajoy a Bárcenas para que negasse a contabilidade paralela e os pagamentos ilegais. Os SMS - "todos os que foram disponibilizados [por Bárcenas], mas parte de um conjunto maior", sublinha o "El Mundo" - assim o comprovam. Os contactos "foram permanentes pelo menos entre Maio de 2011 e Março de 2013", aponta o diário, e acrescenta: "Bárcenas mostrou especial interesse na sua difusão."
Reagindo de imediato à manchete do jornal, fontes do Partido Popular disseram que esta divulgação só prova que Bárcenas age por vingança e que esta estratégia procuras desviar as atenções do caso judicial contra ele: o Gürtel, uma investigação a outra rede de corrupção que envolve os populares. Viagens de núpcias e casamentos, relógios, jóias, carros, fatos, sapatos de luxo e, claro, dinheiro, tudo valeu naquela que é já considerada uma das maiores redes de corrupção alguma vez montadas em Espanha e que envolve mais de 70 pessoas, de empresários do sector da publicidade e organização de eventos a eleitos locais do PP.
Perante as revelações de ontem, Alfredo Rubalcaba também não perdeu tempo. O líder da oposição socialista convocou uma conferência de imprensa em Madrid para exigir a "demissão imediata" do governo, declarando que o seu partido rompe, com efeito imediato, todas as relações com o PP. "Face à situação política insustentável que Espanha atravessa, o Partido Socialista vê-se obrigado a exigir a demissão imediata do chefe do governo, Mariano Rajoy."
Inúmeros jornais espanhóis questionavam ontem se Rajoy, que hoje fala em conferência de imprensa ao lado do seu homólogo polaco, vai finalmente responder às questões dos jornalistas. Da última vez que o chefe do executivo espanhol fez declarações públicas sobre o escândalo, a 3 de Julho, tal serviu apenas para dizer que não ia falar sobre o assunto. Numa altura em que os espanhóis enfrentam duras medidas de austeridade e reformas económicas para reduzir a dívida e evitar um pedido de resgate internacional, e em que o desemprego ultrapassa já os 27%, o silêncio não deverá bastar desta vez.
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