Índia: Médicos e polícia humilham crianças que denunciam abusos sexuais - Internacional - Sol
A Human Rights Watch (HRW) disse hoje que as crianças vítimas de abusos sexuais na Índia, que ganham coragem para os denunciar, são muitas vezes humilhadas pela polícia e maltratas pelos médicos.
Num relatório, divulgado numa altura em que o tema marca a actualidade no país, na sequência da violação colectiva de que foi alvo uma jovem indiana que chocou a Índia e o mundo, a organização afirma que as autoridades têm de se tornar mais sensíveis em relação às vítimas.
"As crianças que corajosamente se queixaram de abusos sexuais são frequentemente desprezadas ou ignoradas pela polícia, por médicos ou por outras autoridades", disse o director regional da HRW, Meenakashi Ganguly, na apresentação do relatório, apontando que "submetem as vítimas a maus tratos e à humilhação".
O relatório faculta pormenores sobre a forma como as crianças são, por vezes, forçadas a submeter-se ao chamado 'teste do dedo', que visa determinar o seu histórico sexual, apesar de especialistas forenses garantirem que o exame não tem valor científico.
O documento cita ainda a mãe de uma criança de três anos que sofreu fortes dores, após ter sido vista por médicos que analisaram a sua alegada agressão.
Acredita-se que o número de casos de violações na Índia reportados represente apenas uma pequena fração da realidade, na medida em que as vítimas têm, muitas vezes, medo de denunciar o caso com medo de represálias.
"Já é duro o suficiente para uma criança vítima de abusos sexuais ou para os seus pais avançarem para procurar ajuda e, em vez de tratarem os casos com sensibilidade, as autoridades indianas frequentemente voltam a traumatizá-las", afirmou Ganguly, aos jornalistas.
O relatório da HRW, com 82 páginas, intitulado "Quebrando o Silêncio", conta com mais de 100 entrevistas sobre a experiência de lidar com as instituições governamentais.
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