Governo admite contágio da instabilidade em Itália mas pede aos amigos europeus “prémio” por bom comportamento.
O cenário pós-eleitoral em Itália fez com que o governo português tivesse sentimentos contraditórios: se por um lado a instabilidade italiana provocou um agravamento dos juros da dívida, por outro lado permitiu ao governo dizer ontem que, com a estabilidade e a “credibilidade” que alcançou nos últimos dois anos, tem “créditos” para pedir “um prémio” aos “amigos” europeus.
Nesta faca de dois gumes, Passos Coelho e Paulo Portas até fizeram questão de comentar as eleições italianas. Sem falarem das questões internas, ambos defenderam que é necessária estabilidade governativa no geral. E estabilidade é mesmo por estes dias a palavra de ordem no executivo. Comentando a situação em Itália, o primeiro-ministro usou a palavra para deixar implícito que, em Portugal, essa estabilidade está garantida e que isso dá “créditos” ao país. Por outro lado – num recado indirecto para a oposição –, frisou que a instabilidade política em outros países, como Itália, tem o dom de se tornar contagiosa e assim aumentar os “elementos [ou riscos] de carácter sistémico” aos restantes Estados europeus.
E como em Portugal existe uma solução estável, o governo, pela boca do ministro dos Negócios Estrangeiros, acredita que o país merece “um prémio” da Europa. Numa visita a Espanha, Paulo Portas pôs preto no branco o trunfo que joga nas conversas nos bastidores europeus e disse que a margem de manobra de Portugal é a sua “credibilidade” e, uma vez que o país é “credível e cumpre o essencial”, tem margem de manobra para pedir um “sinal de confiança e este prémio” – prémio esse que deve passar por um prolongamento da meta do défice e por um alargamento da maturidade do empréstimo.
A par disto, Paulo Portas lembrou ontem que é preciso uma “velocidade” diferente no programa e que este deve ter em conta os últimos indicadores económicos, como o aumento do desemprego e a prevista queda mais acentuada do PIB. Todas estas questões estão em cima da mesa durante a sétima avaliação da troika ao cumprimento do Memorando, que se iniciou esta segunda-feira com a preparação do corte permanente na despesa de cerca de quatro mil milhões de euros, mas também a nível europeu – ontem, Passos apenas referiu cortes além de 2014; não referiu a parte a cortar este ano e não falou nem de valores nem das áreas mais afectadas.
No executivo há quem defenda que o valor deve ser menor, tendo em conta que o PIB também o é, e que deve ser mais espaçado no tempo.
Se Portas lhe chamou “prémio”, Passos lembrou que o país tem um “crédito muito grande” que pode jogar a seu favor no tabuleiro europeu. A situação em Itália ajuda a que o governo peça assim melhores condições numa altura em que é evidente que “há mais dificuldade” para cumprir as metas traçadas, disse Passos, sustentando que essa dificuldade não é um exclusivo português – isto porque uma parte dos pedidos que o executivo faz agora – mais tempo para cumprir o défice – é um assunto da exclusiva responsabilidade da Comissão Europeia, uma vez que decorre do procedimento de défices excessivos e não do Memorando. E para argumentar a esse favor, Passos lembra que, “apesar de haver menos impostos e mais subsídios de desemprego a pagar”, a “verdade é que o Estado diminuiu estruturalmente a sua despesa. E isso os nossos parceiros internacionais sabem e é um crédito que joga a nosso favor numa altura em que se está a fazer uma avaliação de qual é a melhor trajectória a seguir”.
Desta vez, o governo alinhou o discurso. Horas antes, Paulo Portas tinha defendido que os programa de assistência têm de “ter em atenção a realidade económica e a sua evolução”, mas também a “deterioração das condições económicas na Europa” a que Itália veio agora juntar mais um risco. Além da meta do défice, Portas focou-se sobretudo na reestruturação dos próximos pagamentos a fazer: “Estava uma excessiva concentração de reembolsos em 2014 e no ano seguinte. E se queremos ajudar os que cumprem, dar um prémio aos que se esforçam, então pedimos aos nossos parceiros europeus para apoiar este pedido de extensão de maturidades”, concluiu.
Nesta faca de dois gumes, Passos Coelho e Paulo Portas até fizeram questão de comentar as eleições italianas. Sem falarem das questões internas, ambos defenderam que é necessária estabilidade governativa no geral. E estabilidade é mesmo por estes dias a palavra de ordem no executivo. Comentando a situação em Itália, o primeiro-ministro usou a palavra para deixar implícito que, em Portugal, essa estabilidade está garantida e que isso dá “créditos” ao país. Por outro lado – num recado indirecto para a oposição –, frisou que a instabilidade política em outros países, como Itália, tem o dom de se tornar contagiosa e assim aumentar os “elementos [ou riscos] de carácter sistémico” aos restantes Estados europeus.
E como em Portugal existe uma solução estável, o governo, pela boca do ministro dos Negócios Estrangeiros, acredita que o país merece “um prémio” da Europa. Numa visita a Espanha, Paulo Portas pôs preto no branco o trunfo que joga nas conversas nos bastidores europeus e disse que a margem de manobra de Portugal é a sua “credibilidade” e, uma vez que o país é “credível e cumpre o essencial”, tem margem de manobra para pedir um “sinal de confiança e este prémio” – prémio esse que deve passar por um prolongamento da meta do défice e por um alargamento da maturidade do empréstimo.
A par disto, Paulo Portas lembrou ontem que é preciso uma “velocidade” diferente no programa e que este deve ter em conta os últimos indicadores económicos, como o aumento do desemprego e a prevista queda mais acentuada do PIB. Todas estas questões estão em cima da mesa durante a sétima avaliação da troika ao cumprimento do Memorando, que se iniciou esta segunda-feira com a preparação do corte permanente na despesa de cerca de quatro mil milhões de euros, mas também a nível europeu – ontem, Passos apenas referiu cortes além de 2014; não referiu a parte a cortar este ano e não falou nem de valores nem das áreas mais afectadas.
No executivo há quem defenda que o valor deve ser menor, tendo em conta que o PIB também o é, e que deve ser mais espaçado no tempo.
Se Portas lhe chamou “prémio”, Passos lembrou que o país tem um “crédito muito grande” que pode jogar a seu favor no tabuleiro europeu. A situação em Itália ajuda a que o governo peça assim melhores condições numa altura em que é evidente que “há mais dificuldade” para cumprir as metas traçadas, disse Passos, sustentando que essa dificuldade não é um exclusivo português – isto porque uma parte dos pedidos que o executivo faz agora – mais tempo para cumprir o défice – é um assunto da exclusiva responsabilidade da Comissão Europeia, uma vez que decorre do procedimento de défices excessivos e não do Memorando. E para argumentar a esse favor, Passos lembra que, “apesar de haver menos impostos e mais subsídios de desemprego a pagar”, a “verdade é que o Estado diminuiu estruturalmente a sua despesa. E isso os nossos parceiros internacionais sabem e é um crédito que joga a nosso favor numa altura em que se está a fazer uma avaliação de qual é a melhor trajectória a seguir”.
Desta vez, o governo alinhou o discurso. Horas antes, Paulo Portas tinha defendido que os programa de assistência têm de “ter em atenção a realidade económica e a sua evolução”, mas também a “deterioração das condições económicas na Europa” a que Itália veio agora juntar mais um risco. Além da meta do défice, Portas focou-se sobretudo na reestruturação dos próximos pagamentos a fazer: “Estava uma excessiva concentração de reembolsos em 2014 e no ano seguinte. E se queremos ajudar os que cumprem, dar um prémio aos que se esforçam, então pedimos aos nossos parceiros europeus para apoiar este pedido de extensão de maturidades”, concluiu.
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