sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Em cinco semanas houve tantos casos graves de gripe como em todo o ano de 2012 | iOnline

Em cinco semanas houve tantos casos graves de gripe como em todo o ano de 2012 | iOnline

Consultor da Direcção-Geral da Saúde lembra que ainda é tempo de vacinação. Internamentos subiram e pico ainda está por atingir.

Os hospitais portugueses estão a registar este ano mais admissões nos cuidados intensivos relacionadas com a gripe do que em 2012. O último boletim do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), divulgado ontem, revela que até ao passado domingo os 12 hospitais que servem de amostra do que se passa nas unidades do SNS tiveram oito casos de internamento por complicações mais graves associadas à doença. Este balanço inclui as primeiras cinco semanas da época sazonal de gripe. O ano passado, nas 20 semanas da época de gripe sazonal, foram registados oito casos.
Filipe Froes, pneumologista no Centro Hospitalar Lisboa Norte e consultor da Direcção-Geral da Saúde para as doenças respiratórias, diz que é cedo para fazer um balanço, até porque este ano há mais unidades na amostra do INSA, mas que os indícios nos serviços são de um aumento dos casos mais graves associados à infecção com vírus da gripe. O especialista aponta também que este ano, além da população idosa que normalmente recorre aos serviços, há mais casos complicados na população adulta, entre os 30 e os 50 anos. “Vamos ter de esperar pela evolução da época para perceber quais os motivos.” Um dos factores que será importante avaliar é se estes casos de doentes mais novos dizem respeito a pessoas com doenças crónicas que não tenham feito a vacinação recomendada. O último balanço da cobertura de vacinas apontava que até meio de Janeiro tivessem feito a vacina da gripe 49,3% dos portugueses com mais de 65 anos e 42,3% dos doentes crónicos, coberturas superiores às de 2011.
Ainda é tempo Froes lembra que a recomendação para vacinação se mantém ao longo de toda a época de gripe, sobretudo para os grupos de risco: idosos, doentes crónicos, mas também profissionais de saúde ou outros em grupos vulneráveis. Ontem num balanço da época da gripe o Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças salientava que este ano têm sido registados surtos de gripe importantes em estabelecimentos como lares, sendo a vacinação das pessoas que trabalham nestes locais recomendada até para se reduzir a hipótese de contágio.
Os dados do INSA revelam que a actividade da gripe tem vindo a evoluir progressivamente, não havendo registo dos picos de mortalidade que se registavam o ano passado por esta altura. Na quinta semana da época, a incidência estimada era de 55 casos por cada 100 mil habitantes, ou seja mais de 5 mil casos de gripe no país. Por ano, estima-se que 10% da população seja infectada, podendo as complicações associadas como pneumonias ou infecções localizadas como encefalites levar a prognósticos mais reservados. Todos os anos há 38 mil mortes relacionadas com a gripe na Europa e em Portugal cerca de 2 mil.
O relatório europeu salientava ontem que, embora a época de gripe tenha começado mais cedo este ano na maioria dos países, Portugal e Espanha têm sido menos afectados. Froes prevê que o pico venha a ser atingido na próxima semana, não havendo por agora sobrecarga das urgências hospitalares.

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