quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Douro e Tejo Internacional propostos a Património Mundial - PÚBLICO

A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), organismo ambiental com delegação em Espanha, vai avançar com uma proposta para que as regiões transfronteiriças do Douro e do Tejo sejam declaradas Património Mundial da Humanidade.
As arribas do Douro Internacional, algumas áreas do Parque Natural do Tejo Internacional e zonas da Serra de São Mamede (Alto Alentejo), juntamente com os territórios do lado de lá da fronteira, são as zonas propostas.

“Não se trata da proposta da classificação de um território conjunto e de forma contínua, mas sim o reconhecimento de vários núcleos com valores similares dentro deste grande ecossistema da região de fronteira”, disse à agência Lusa o presidente do comité espanhol da UICN, Carlos Sanches.

O passo seguinte será colocar de acordo os governos português e espanhol, para que sejam reconhecidos os valores fundamentais para a conservação da natureza e da biodiversidade, acrescentou. Contactado pela Lusa, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) disse ter conhecimento da iniciativa e garantiu que se pronunciará sobre o assunto “em tempo oportuno”.

Carlos Sanchez disse que “a candidatura terá que estar concluída no prazo de quatro anos. Ao longo deste período, os dois governos terão de definir áreas territoriais, de forma a integrarem uma futura classificação como Património Mundial da Unesco”.

No Congresso Mundial da UICN, realizado em Julho em Jeju, na Coreia do Sul, foi pedido a Portugal e Espanha para evitarem a construção de infra-estruturas nas zonas transfronteiriças, como parques eólicos ou barragens, e que desenvolvam planos de acção para as zonas de fronteira.

Autarcas apoiam iniciativa

Os autarcas de Idanha-a-Nova, Figueira de Castelo Rodrigo e Mogadouro, regiões transfronteiriças do Tejo e Douro, apoiam a proposta da UICN.

Armindo Jacinto, vice-presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, acredita nas potencialidades do Tejo Internacional e o município apoia “tudo o que sejam processos de valorização do património”.

Mais do que “fazer já uma proposta, é preciso encontrar pessoas para trabalhar e avaliar as circunstâncias. Se daí resultar uma candidatura, muito bem, senão, já terá sido feito um trabalho altamente positivo” em termos de estudos regionais, sublinhou.

Esta é uma ideia partilhada por António Edmundo, presidente da Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo, município situado à beira do Douro. O autarca apoia a proposta de classificação e destaca os trabalhos já realizados “com o Parque Natural do Douro Internacional e a Faia Brava, primeira reserva privada de Portugal”. Por outro lado, a candidatura encaixa na estratégia do município de “preservação da natureza” e de apostar no ambiente como “bandeira de desenvolvimento”.

O presidente da Câmara de Mogadouro recordou que as regiões que são classificadas por organismos como a Unesco são muito valorizadas em termos turísticos. “Esta classificação poderá traduzir-se em diversos investimentos que vão potenciar a economia regional”, disse Moraes Machado, defendendo que o processo terá de ser apoiado. O autarca, que é também presidente da Associação de Municípios de Douro Superior, advertiu que é importante não esquecer a componente humana e não pensar só nas belezas naturais”.

Quercus congratula proposta de candidatura

“Nós vimos esta notícia com satisfação. Esta pode ser uma forma de valorizar e conservar estas importantes áreas do nosso país”, disse o presidente da Quercus, Nuno Sequeira.

Para o ambientalista, esta candidatura vai sobretudo, “em tempos difíceis como este para o ambiente”, permitir o “desenvolvimento sustentável” das regiões e também exigir que o Estado tenha “mais responsabilidade” ao nível da sua gestão.

Contudo, será um processo difícil, acrescentou. “Os critérios da Unesco são apertados no que diz respeito à classificação de áreas como património mundial.”

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