O Provedor de Justiça obteve da Comissão
Parlamentar de Agricultura uma “resposta favorável” às reservas que
apresentou sobre a revogação do Código Florestal, reflectindo a sua
preocupação com “desafectações imponderadas de terrenos do regime
florestal”.
Uma infomação da Provedoria de Justiça enviada à
agência Lusa refere que Alfredo José de Sousa “obteve da Comissão
Parlamentar de Agricultura e Mar da Assembleia da República resposta
favorável às muitas reservas que formulara [relativamente] à revogação
global do Código Florestal”, que ocorreu em Março.
O deputado
social-democrata Vasco Cunha, presidente daquela comissão parlamentar,
“fez chegar ao Provedor a posição adoptada pela comissão, no sentido de
exortar o Governo a adoptar medidas legislativas florestais”, segundo a
Provedoria.
Alfredo José de Sousa tem vindo a manifestar à
Assembleia da República e ao Governo a sua preocupação com a “frágil
protecção” das florestas, principalmente após a revogação do Código
Florestal.
Para Assunção Cristas, enviou uma recomendação na
qual manifestava “a necessidade de se proceder a uma profunda reflexão
sobre o estado da legislação florestal”, que considerava “extremamente
fragmentado, disperso e privado de importantes disposições revogadas sem
um critério ordenador”.
Alfredo José de Sousa fez saber que
“não bastava repor os antigos diplomas” e já em anteriores intervenções
tinha defendido “alterações necessárias ao próprio Código Florestal,
especialmente para evitar desafectações imponderadas de terrenos do
regime florestal”.
É que “os próprios diplomas anteriores já
deixavam brechas muito importantes”. “De forma algo errática, o
legislador chegara a revogar um mesmo diploma duas vezes”, salienta a
Provedoria.
Em Junho, foi a vez de reiterar junto da comissão
parlamentar a necessidade de avançar medidas em defesa das matas e
florestas e, embora reconhecendo não ter encontrado indícios de
inconstitucionalidade, o Provedor de Justiça garantia que não iria
deixar de cumprir a sua tarefa de “assinalar as deficiências da
legislação” e disponibilizava-se a comparecer numa reunião da comissão
parlamentar.
A intervenção do Provedor de Justiça acerca deste
assunto começou com a investigação de uma queixa contra a desafectação
de uma área do Parque Florestal de Monsanto, em Lisboa, pelo anterior
ministro da Economia, em favor da REN (Redes Energéticas Nacionais).
Ao
mesmo tempo, os tribunais anularam um acto semelhante que permitira
instalar, no Restelo, igualmente em Lisboa, “aquilo que hoje são os
despojos de um parque aquático – há muito encerrado, na sequência de um
trágico acidente – nunca restituído à função florestal”.
Alfredo
José de Sousa elaborou uma lista de desafectações “por simples
despacho” dos responsáveis das Finanças, para construção de
auto-estradas ou para permitir instalar aldeamentos turísticos e parques
industriais.
Aprovado em 2009, o Código Florestal sistematizava
dezenas de leis, decretos-leis e regulamentos, alguns de 1901 e de
1903. Foi várias vezes suspenso e acabou por ser revogado pela
Assembleia da República em Março.
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