Novo Presidente do Irão diz que Israel é uma ferida que "precisa de ser removida" - PUBLICO.PT
Rohani participou nas manifestações, dois dias antes da tomada de posse ATTA KENARE/AFP A dois dias de tomar posse, o Presidente eleito do Irão, Hassan Rohani, disse que Israel é “uma ferida” no Médio Oriente que deve ser “removida”. Declarações já repudiadas pelo primeiro-ministro israelita, ainda que estejam distantes ainda do tom usado pelo antecessor de Rohani, Mahmoud Ahmadinejad, que voltou nesta sexta-feira a dizer que uma tempestade “arrancará” em breve o Estado hebraico da região. Apesar de não coincidirem com promessas de moderação e de diálogo que fez na campanha para as presidenciais, em que bateu à primeira volta os candidatos da ala conservadora, as declarações de Rohani coincidem com aquela que é política oficial do Irão, ditada pelo Supremo Líder, o ayatollah Ali Khamenei. A República Islâmica não reconhece o Estado de Israel e, desde a revolução de 1979, que celebra todos os anos, na última sexta-feira do mês sagrado do Ramadão, o Dia Internacional de Al-Quds [nome árabe de Jerusalém]. As ruas enchem-se de marchas exigindo o fim da ocupação israelita e o regresso de todos os palestinianos às suas terras de origem. Nesta sexta-feira, a tradição cumpriu-se e, numa declaração citada pelas agências iranianas, Rohani exortou os iranianos a unirem-se em defesa da Palestina. “O regime sionista é uma ferida que resiste há anos no corpo do mundo muçulmano e que precisa de ser removida”, declarou. O Presidente eleito, que tomará posse domingo, criticou também o reinício das negociações de paz, nesta semana em Washington, ao afirmar que “os israelitas pensam que se trata de uma boa ocasião para mostrar uma imagem de paz, ao mesmo tempo que na realidade mantêm a agressão”. As declarações fizeram de imediato manchete nos sites da imprensa em Israel, país que viu com preocupação o agrado com que o Ocidente acolheu a eleição de Rohani, acreditando que a sua chegada à presidência poderá marcar um novo início nas negociações sobre o programa nuclear iraniano, que suspeita ter como real objectivo o fabrico de armas nucleares. “As declarações de Rohani sobre Israel – o arqui-inimigo do seu país – ecoam as de outros líderes iranianos”, escreveu o Ha’arezt (centro-esquerda) enquanto o Jerusalem Post (direita) recordava que o novo Presidente iraniano tem sido “descrito pelos opinadores internacionais como um moderado”. “A verdadeira face de Rohani foi revelada mais cedo do que esperávamos. É isto que ele pensa e é este o plano de acção do regime iraniano”, reagiu o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que tem insistido junto de americanos e europeus para que não abandonem a política de sanções adoptadas nos últimos anos. Apesar do discurso de campanha, “o objectivo do regime iraniano de adquirir armas nucleares para ameaçar Israel, o Médio Oriente e a paz e segurança no mundo não mudou”, sublinhou Netanyahu. Num outro comício, também em Teerão, o ainda Presidente Ahmadinejad voltou a usar a retórica contra Israel que o tornou célebre. “Digo-vos, com Alá por minha testemunha, que uma tempestade devastadora vai arrancar as bases do sionismo”, afirmou o líder ultraconservador, ovacionado por milhares de apoiantes, sublinhando que “Israel não tem lugar na região”. Acusou ainda os países ocidentais de fomentarem a instabilidade no Egipto e a guerra civil na Síria. “Sempre foi o seu sonho verem a vontade dos países da região destruída [por Israel] e mergulhando na guerra civil”.
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