sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Europa em agonia. França e Alemanha à beira da recessão | iOnline

Europa em agonia. França e Alemanha à beira da recessão | iOnline

Quase todos os grandes mercados comunitários de exportação de Portugal estão a cair ou a estagnar.

A economia da zona euro mergulhou em recessão pela segunda vez em quatro anos, reflectindo o impacto do recuo do crédito e das políticas públicas de austeridade nos países periféricos e já em algumas das maiores economias do centro europeu. As estimativas preliminares publicadas ontem pelo Eurostat, o instituto estatístico europeu, revelam desaceleração forte ou contracção em quatro dos principais mercados externos de Portugal – Espanha, Holanda, Itália e França –, confirmando os alertas do Banco de Portugal e do governo sobre o risco que a conjuntura externa comporta para o duro ajustamento em 2013.
“A área do euro entrou em recessão no terceiro trimestre do euro, facto para que muito contribuiu a evolução da conjuntura em Espanha, Itália e Holanda”, afirmou o ministro das Finanças ontem no parlamento. Vítor Gaspar realçou o “risco externo” para defender a margem de erro para as muito criticadas previsões económicas para 2013 (ver texto ao lado) – as exportações são cruciais, quer como único motor que puxa pela economia portuguesa, quer como motivador a prazo de uma recuperação do investimento.
No terceiro trimestre deste ano a economia dos 17 países da zona euro contraiu 0,1% em cadeia (comparando com o trimestre precedente), depois de ter perdido 0,2% nos três meses anteriores, estima o Eurostat. A queda homóloga (face ao mesmo período em 2011) foi de 0,6%.
O resultado global não surpreendeu a previsão média dos economistas citados pelas principais agências financeiras (Reuters e Bloomberg), mas a composição diferiu do esperado. Alemanha e França, as maiores economias da região, tiveram comportamentos melhores que o previsto (0,2% de crescimento em cadeia), mas Itália, Espanha, Holanda e Áustria registaram contracções acentuadas. Na Holanda – a quinta maior economia das 17 do euro e sexto maior mercado de exportação português – a contracção de 1,1% em cadeia foi superior à de Portugal e de Espanha.
A incerteza sobre o futuro da moeda única e o contágio da recessão em países como Itália e Espanha (terceira e quarta maiores economias do euro) continuam a ser forças poderosas que minam a confiança das famílias e dos empresários das economias do centro da zona euro, como a Holanda, a Alemanha e a França (estes dois países deverão entrar em recessão até ao final do primeiro trimestre de 2013). Nas economias periféricas mais pequenas, como Portugal, é a combinação devastadora da perda de acesso ao financiamento regular bancário com a política de austeridade que está a afundar a conjuntura – na Grécia o terceiro trimestre terá sido o 17.o consecutivo em recessão; em Portugal foi o oitavo.
Face à enorme tensão gerada pela crise da dívida soberana, a recessão na zona euro não é surpreendente. O grande factor de risco a partir deste ponto é o prolongamento do clima de incerteza e a sangria da generalidade das economias do euro. “Parar a tendência de queda será a grande história a seguir durante o primeiro semestre do próximo ano”, afirmou à agência Bloomberg Alexander Krueger, economista do banco alemão Bankhaus Lampe.
A Comissão Europeia cortou na semana passada para 0,1% a previsão de crescimento para a zona euro em 2013.

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