terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Hollande diz que acabou a crise do euro. Merkel não desliga alarme | iOnline

Hollande diz que acabou a crise do euro. Merkel não desliga alarme | iOnline

Mas ninguém avisou Angela Merkel. "Ainda estamos a meio do processo", afirmou a chanceler alemã.

O Nobel da Paz já tinha sido entregue em Oslo à delegação de representantes da União Europeia e François Hollande, presidente francês, estava optimista. “A crise da zona euro, já disse isto, ficou para trás”, afirmou Hollande aos jornalistas. “Demos à Grécia os fundos que esperava, em Espanha permitimos ajuda ao sector financeiro e em Itália, apesar da incerteza política, estou certo que os italianos vão dar a resposta adequada”, explicou. “Então o que temos a fazer já não é simplesmente sair da crise da zona euro, isto já está feito”, juntou.
Momentos depois, em entrevista a uma cadeia de televisão alemã, Angela Merkel mostrava uma apreciação pessoal diferente sobre o cenário na zona euro. “Não posso ainda levantar completamente o alerta, sou prudentemente optimista”, afirmou a chanceler. “Nestes últimos dois anos e meio mostrámos que podemos conseguir, mas ainda estamos a meio do processo”, acrescentou a líder mais influente na Europa.
As afirmações de fim da crise de Hollande chegam num contexto particular de receio sobre o impacto nos mercados da instabilidade política em Itália (ver página 28), a terceira maior economia e o maior mercado de dívida na zona euro. Itália está em recessão – fruto da pressão sobre o financiamento da economia e das medidas de correcção executadas pelo demissionário Mario Monti – e a dívida ultrapassará 126% do PIB este ano. O próximo governo terá de navegar entre a pressão interna contra as reformas e a pressão externa dos mercados e dos parceiros europeus mais influentes.
Para o governo de Angela Merkel o aprofundamento das reformas estruturais e a continuação da política de austeridade, em particular nos países do Sul da Europa, são essenciais para vender cedências incontornáveis mas muito impopulares junto do eleitorado e do poder político alemão – cedências que implicam perdas (de níveis distintos) nos empréstimos à Grécia, Portugal e Irlanda, em perdões puros de dívida ou mais indirectos (prazos de pagamento mais longos e carência de juros, por exemplo). O problema é semelhante noutros países credores, como a Holanda, a Eslováquia ou a Finlândia, muito hostis a tais cedências.
Nos países mais frágeis do euro, por outro lado, sobram dúvidas sobre a viabilidade política, económica e social da receita para a crise. A Grécia encaminha-se para o sexto ano seguido de recessão, Portugal está a meio do seu duro programa de ajustamento e em direcção a um ano de cortes profundos no Estado, Espanha está perto de pedir um resgate oficial (e politicamente desgastante) ao Banco Central Europeu e em Itália a incerteza subiu com a demissão de Monti. A notícia da morte da crise, como no caso de Mark Twain, poderá ser um pouco exagerada.

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