sexta-feira, 2 de novembro de 2012

BCE só compra 16 mil milhões dos 40 mil milhões prometidos | iOnline

BCE só compra 16 mil milhões dos 40 mil milhões prometidos | iOnline

As esperanças na Europa têm as pernas curtas. Banco Central Europeu prometeu muito em Setembro, mas a festa acabou rapidamente.

Mario Draghi foi durante algum tempo o grande salvador da Europa e em particular da zona euro. Aconteceu tudo em Setembro quando o presidente do Banco Central Europeu anunciou que iria fazer tudo para salvar o euro, nomeadamente ir aos mercados comprar dívida soberana a curto prazo, isto é, até três anos, dos países em aflição, como a Espanha e Itália, para já não falar dos que estão sob ajuda externa, como Portugal, Grécia e Irlanda.
Por cá soaram as trompetas e o Partido Socialista de António José Seguro veio logo aplaudir Mario Draghi e declarar solenemente que a medida ia de encontro às propostas do maior partido da oposição. Lá fora, os mercados acalmaram e os juros da dívida registaram durante alguns dias uma queda significativa. Mas o tempo foi passando e até agora o plano de Draghi ficou apenas nas palavras, porque os maiores fornecedores de dinheiro do Banco Central Europeu, como a Alemanha, nunca viram com bons olhos esse plano salvador de Mario Draghi.
Acabou a compra de dívida E ontem ficou tudo muito bem esclarecido sobre a intervenção do BCE no mercado secundário das dívidas soberanas. Com efeitro, o Banco Central Europeu anunciou que o seu programa de compra de dívida pública no mercado secundário terminou “conforme o planeado”, tendo sido comprados 16,4 mil milhões de euros em dívida dos Estados da zona euro.
O montante fica aquém do limite estipulado de 40 mil milhões e será mantido pelo BCE até ao final da maturidade definida na compra, ou seja, não será vendido antes do fim do prazo definido nas condições da transação.
O BCE iniciou este programa em Novembro de 2011 para tentar abrandar a subida dos juros exigidos pelos investidores para transaccionarem dívida pública na zona euro, encarecendo os empréstimos contraídos pelos Estados e levando alguns a pedirem ajuda internacional.
Já este ano, o BCE começou a abrandar o nível das compras “em resposta quer ao aumento da procura dos investidores pelas obrigações do Estados, quer ao declínio da oferta de títulos”, diz o BCE no seu site.
Tempo volta para trás. Primeiros dias de Setembro de 2012. A Europa estava em polvorosa com a Espanha à beira de um resgate com os juros da dívida a chegarem aos 7% e o prémio de risco a atingir valores muito perigosos. Foi então que surgiu o Banco Central Europeu a aprovar um novo e potencialmente ilimitado programa de compra de dívida pública. O objectivo, dizia na altura o BCE, era reduzir os custos de financiamento dos países assolados pela crise e que já fez quatro vítimas - Grécia, Irlanda, Portugal e Chipre estão sob o resgate da troika. O mecanismo, diziam as notícias, contava com o apoio do Fundo Monetário Injternacional.
O anúncio surgiu pela mão do líder da instituição monetária, Mario Draghi, que explicou que este programa se destinava apenas aos “Estados-membros sob programas de ajustamento” que, como moeda de troca, teriam de assumir compromissos rigorosos em matéria de consolidação orçamental e reformas estruturais.
Este novo programa cingia-se à compra de títulos com maturidades entre um e três anos, num regresso aos mercados secundários depois de meses de interregno.
Na ocasião, os mais optimistas em matéria europeia afirmaram que os primeiros beneficiários seriam Portugal e Irlanda que poderiam assim regressar aos mercados com taxas de juro competitivas. Portugal, esclareciam os especialistas na estranha e difícil linguagem da burocracia europeia, poderia aceder ao novo programa a partir de Setembro de 2013, quando estava programado o regresso aos mercados secundários de dívida a longo prazo. Estava, porque agora, com Draghi ou sem Draghi, essa meta está definitivamente adiada sine die.

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