segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Marte. Trocar a Terra pelo planeta vermelho não está assim tão longe | iOnline

Marte. Trocar a Terra pelo planeta vermelho não está assim tão longe | iOnline

Assim que a sonda da NASA Curiosity pousou em Marte renasceram os velhos sonhos de colonizar o planeta vermelho. Não é que seja preciso muito para acordar as fantasias de cientistas e astronautas. Marte sempre despertou grande curiosidade por ser um dos planetas mais próximos da Terra e com maiores probabilidades de ter tido vida algures no passado. Um pouco por todo o mundo, há investigadores a trabalhar como se estivessem no futuro. Homens e mulheres de bata branca planeiam cidades escavadas nos subterrâneos de Marte, estudam o que vamos comer, o que vamos vestir ou como podemos sobreviver a uma viagem que demora seis meses a ir e outros seis meses a regressar. Há um punhado de cientistas que ocupa o tempo a tentar descobrir como plantar hortas marcianas, como construir cápsulas ou criar vestuário resistente a temperaturas que podem atingir 87 graus negativos. São os visionários que preparam a colonização dos terráqueos em solo marciano. Neste momento, não sobram dúvidas que, mais cedo ou mais tarde, o homem chegará a Marte. Só não é possível saber quem será o primeiro. Os Estados Unidos, claro, vão à frente nesta corrida, mas nada está decidido. Tanto a China como a Índia acreditam ter ainda tempo para ultrapassar os americanos.

  • Marte
    Marte















  • Big Brother em Marte. Um bilhete só de ida
     Em vez de passar o resto da vida num bairro suburbano de Lisboa ou de Londres porque não partir rumo a Marte? Terá tempo para organizar a mudança, já que a primeira viagem promovida por uma empresa holandesa responsável pelo projecto Mars One só está prevista para 2023. A missão custa seis mil milhões de euros e está ainda dependente de financiamento. Mas o criador do projecto, Bas Lansdorp, já está a tratar disso. Espera cobrir os custos com patrocínios privados e ainda usar a tripulação para fazer programas televisivos que irão transmitir a viagem de sete meses, e quase todos os pormenores da sua vida diária. Será uma espécie de Big Brother que já suscitou censuras de várias figuras públicas e também o cepticismo de boa parte da comunidade científica.
    O projecto, no entanto, conta com um apoio de peso. O físico holandês e prémio Nobel Gerard’t Hooft veio dar credibilidade ao sonho de Lansdorp ao reconhecer que Mars One parece ser a “única maneira de realizar os sonhos da humanidade em conquistar o espaço”. A selecção dos astronautas vai começar no próximo ano e espera-se que entre 2016 e 2022 se conclua a construção dos módulos habitacionais dos terráqueos dispostos a trocar a Terra por Marte. Uma vez aceite o desafio, não há lugar para arrependimentos: o bilhete é só de ida. Veja o  projecto em http://mars-one.com/en/. 
    Guia de viagem. Os melhores pontos turísticos
    Um planeta desconhecido provoca muitas incertezas, mas para quem já está a planear uma viagem a Marte, boa parte destas inquietações poderá desaparecer com o novo “Travel’s guide to Mars”, que o cientista norte-americano William K. Hartmann lançou recentemente. O que vestir, quais as maiores atracções, a história e outras informações que devem constar em qualquer guia turístico estão reunidas em mais de 500 páginas.
    Sugestões de locais a visitar não faltam: o Monte Olimpo, o maior vulcão do sistema solar, três vezes mais alto do que o Everest, ou Tharsis Planitia, com planícies tão extensas como o continente europeu. Um dos capítulos intitulado “O que devo vestir?” aborda as temperaturas típicas do ar do planeta, que oscilam entre 87 graus negativos (noite) e 25 graus negativos (dia), e fornece ainda algumas dicas sobre o tipo de roupa que deverá usar – um fato igual ao dos astronautas que foram à Lua com ligeiras diferenças. As botas e as luvas terão de ter um isolamento reforçado, já que tudo o que for tocado terá uma temperatura bastante inferior ao que se regista no satélite da Terra.
    Ocupação terráquea. Um doce lar em Marte
    Viver em Marte não é ficção científica para o americano Robert Zubrin, engenheiro aeroespacial que se tornou conhecido por estudar como o planeta vermelho se poderia transformar numa colónia da Terra. A ideia-chave passa por usar a atmosfera de Marte para produzir o oxigénio, a água, e ainda o propulsor de foguetes para as deslocações espaciais. Não é um devaneio tão descabido assim, já que uma versão modificada do seu projecto foi entretanto adoptada pela NASA.
    Zubrin propõe uma primeira viagem numa nave capaz de transportar 24 passageiros com equipamento necessário para construir o início de uma grande cidade subterrânea. Quatro lançamentos por ano seriam suficientes para criar em Marte uma população de 10 mil habitantes em 40 anos e 200 mil em 160 anos. Os novos colonos teriam de viver em bases subterrâneas pressurizadas e alimentar--se de hortas cultivadas em estufas protegidas de altas concentrações de dióxido de ferro que dão a coloração avermelhada ao planeta. O investigador acredita até que a vida enclausurada em cápsulas marcianas nem seria desagradável e dá o exemplo da filha adolescente que “daria pulos de alegria com a oportunidade de viver num centro comercial”.
    Comida. Horta hidropónica e pizza tailandesa
    Num edifício da década de 50 em Houston (Texas, Estados Unidos) um grupo de oito cientistas passa boa parte do tempo a cozer, a misturar e a ferver vários ingredientes. O objectivo não é transformarem-se em chefes de cozinha, mas antes preparar as ementas dos tripulantes que vão participar na missão da NASA em Marte, prevista para 2030. O desafio é ambicioso já que têm a responsabilidade de planear refeições para três anos, o tempo que demorará a viagem.
    O cardápio já tem uma centena de opções e uma enorme variedade de alimentos, embora todos eles sejam pré-cozidos ou congelados com um prazo de validade superior a dois anos. Entre os vários petiscos incluídos no menu, há peru para a ceia de Natal, uma “horta marciana” com algumas frutas e vegetais cultivados numa solução hidropónica ou uma pizza tailandesa, que em vez de queijo, será coberta com cenoura, pimentão, amendoins ou molho de tomate.
    Liderança. A louca corrida para pisar solo marciano
    Assim como para um macho latino será importante contabilizar as mulheres que se deixam seduzir pelo seu magnetismo, também as grandes potências mundiais competem por serem as primeiras a pôr um homem em Marte. A liderança espacial é o marco mais importante para os países que querem afirmar a influência geopolítica. Nesta corrida, são os Estados Unidos que vão em primeiro lugar, mas a vitória não está garantida. A China, apesar de não possuir a tecnologia dos americanos, é um sério rival tendo em conta que não olha a meios para investir em missões espaciais.
    Os Estados Unidos, por seu turno, estão a cortar as verbas das missões da NASA, tendo já eliminado duas missões conjuntas com a Europa em 2013 para explorar Marte em 2016 e 2018. É a grande oportunidade para outras nações ganharem vantagem. A Índia não perdeu tempo e há menos de uma semana anunciou uma missão espacial a Marte para 2013. O projecto está orçado em 4,5 milhões de rupias indianas (65,8 milhões de euros). A sonda será lançada pelo foguetão Polar Satellite Launch Vehicle e terá 25 quilos de carga científica. O Curiosity, que aterrou em Marte a 6 de Agosto, tem três vezes mais peso. 

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