Crise. Manifesto defende que há mais país para além dos cortes | iOnline
Economistas defendem que o governo quer mostrar obra com a redução dos gastos públicos. Mas não chega.
Foi você que pediu um economista? Desta vez não foi um, mas 64 - muitos deles próximos do Presidente da República - que elaboraram um manifesto sobre o lema “Despesa Pública menor para um Futuro melhor”, onde dizem que o rei vai nu. Ou seja, separam o trigo do joio da actual governação e defendem que, apesar de todos os sacrifícios dos portugueses, as reformas estruturais estão por fazer. Patrício Gouveia, Cardoso e Cunha, Pinho Cardão, Sousa Lara, Ribeiro e Casto, Cadilhe, Beleza e Sofia Galvão são alguns dos nomes para quem é imperativo reduzir a carga fiscal, tornar atractivo o investimento, reduzir as rendas excessivas e reformar o Estado e as administrações públicas, o que, a não ser feito, fará com que a despesa volte aos níveis de 2010 depois da intervenção da troika. “Está aí a sorte dos governos, o que é o menos, mas sobretudo a dos portugueses, o que é o mais”, lê-se no manifesto que será apresentado quarta-feira.
Falta empatia ao governo Para os 64 economistas as metas estão traçadas e passam pelo controle cuidadoso da despesa, com renegociação de inúmeros contratos, pela eliminação do que existe a dobrar no Estado, por um sector empresarial financeiramente saudável e pelo relançamento da economia. “A consolidação orçamental está longe de estar concluída: o défice estrutural terá ainda de se reduzir para 0,5% do PIB depois de 2016”, defendem. “Para se atingir uma situação sustentável, a médio e longo prazo, devemos reduzir a despesa estrutural primária para 33% do PIB em quatro anos e definir um tecto de referência estável em que, por regra, o total da despesa pública não ultrapasse os 40% do PIB. Acima desses valores, a dívida continuará, com toda a probabilidade, a aumentar em vez de a reduzirmos”, acrescentam.
Quanto à actuação do executivo PSD/CDS, o grupo de economistas afirma que “passados estes vinte meses de governação, o que os cidadãos efectivamente sentem é um aumento brutal da carga fiscal: cada vez pagam mais, sem verem, de forma palpável, a contrapartida de o Estado gastar menos. Torna-se, por isso, imperioso um trabalho sério de reforma do Estado com redução significativa do seu peso estrutural nas finanças públicas sem o que o garrote fiscal sobre os indivíduos, as famílias, as empresas, não cessará de se apertar”.
O manifesto refere ainda que “é importa também que o governo deixe de actuar como sendo forte com os fracos e fraco com os fortes e que os cidadãos se apercebam dessa mudança, a vejam e sintam”.
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