quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Dívida pública nas mãos dos bancos: valor mais alto desde 1979 | iOnline

Dívida pública nas mãos dos bancos: valor mais alto desde 1979 | iOnline

Em Novembro, bancos compraram 1356 milhões de euros em títulos,2,5 vezes mais do que créditodado às famílias.

O investimento dos bancos a operar no mercado português em títulos de dívida pública nacional nunca foi tão elevado. Só em Novembro, as instituições bancárias compraram 1356 milhões de euros em títulos de dívida soberana portuguesa, o correspondente a quase 2,6 vezes mais do que o valor emprestado às famílias no mesmo mês (526 milhões de euros).
Desde o início do ano e até ao final de de Novembro, os bancos aumentaram a sua carteira de dívida nacional em 42,2%, ou seja, mais 9652 milhões de euros. No total, o sector tem em balanço 32 499 milhões de euros em títulos de dívida, o valor mais elevado desde, pelo menos, 1979, ano em que começa a série estatística do Banco de Portugal.
Portugal realizou, recorde-se, três leilões de bilhetes de Tesouro no mês de Novembro, tendo colocado um total de dois mil milhões de euros, onde os bancos terão tido uma posição compradora significativa. No entanto, o aumento da exposição global à dívida portuguesa deve-se, sobretudo, a compras no mercado secundário.
Os dados do Banco de Portugal não deixam margem para dúvidas: os bancos têm trocado os empréstimos à administração central e à economia por bilhetes do Tesouro.
O total de financiamento concedido ao Estado através de empréstimos recuou 46% de quase 5,8 mil milhões de euros em Janeiro para 3,1 mil milhões em Novembro.
Por sua vez, também o financiamento à economia tem vindo a ser desviado para a aplicação cada vez maior em títulos de dívida soberana, uma vez que estes apresentam uma relação risco/rentabilidade superior. Além disso, a dívida é usada pela banca como colateral na obtenção de empréstimos junto do Banco Central Europeu.
Apesar da opção por dívida pública, Novembro foi o terceiro mês consecutivo em que o financiamento à economia real aumentou, o que já não acontecia há mais de dois anos. É, sobretudo, o crédito para grandes projectos que está a absorver a maior injecção de liquidez na economia.
Os novos créditos concedidos às famílias totalizaram - entre habitação, consumo e outros fins - 526 milhões de euros, menos 1,87%, ou 10 milhões, do que no mês anterior. As maiores restrições na concessão de novos empréstimos reflectem a necessidade da banca cumprir as metas de desalavancagem - reequilíbrio da relação entre créditos concedidos e depósitos captados -, ao mesmo tempo que o recorde no incumprimento das famílias e empresas gera maior aversão ao risco. Até 2008, por exemplo, os particulares conseguiam captar mais de dois mil milhões por mês.
Assim, a grande fatia dos novos empréstimos está a ser canalizada para as empresas: absorveram 88% do total, ou 3,85 mil milhões de euros, em Novembro. Deste montante, a grande parcela foi para as grandes companhias com os créditos a subirem 14,6% face a Outubro para um total de 2,24 mil milhões. Nos financiamentos às pequenas e médias empresas registou-se uma diminuição de 4,16% para 1,61 mil milhões de euros.

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