Entre
março e o agosto, fissura cresceu 22 quilómetros, quase o mesmo que entre 2011
e 2015.
Com o fim da noite polar na Antártida, os cientistas do
projeto MIDAS conseguiram, pela primeira vez em meses, verificar o estado da
fenda que, há muito, ameaça a estabilidade da quarta maior plataforma de gelo
desta região: desde março, mais 22 quilómetros da superfície gelada estalaram.
A distância entre as partes subiu para 350 metros.
Hoje, a rutura que afeta a plataforma Larsen C já
atingiu, no total, 130 quilómetros. Está, por isso, iminente, segundo reporta o The
Washington Post, a perda de uma porção considerável da estrutura, o
que significaria a perturbação das plataformas mais próximas e, eventualmente,
a subida do nível do mar.
"Mostrámos previamente que esta fenda removerá entre
nove a 12 por cento da plataforma de gelo e deixará a frente gelada na sua
posição mais recuada de sempre", explicam Adrian Luckman, Daniela Jansen,
Martin O'Leary e alguns outros membros do projeto promovido pelas Universidades
de Swansea e Abersystwyth, Gales.
Entre 2011 e 2015, a fenda na plataforma, cuja espessura
atinge os 350 quilómetros, crescera 30 quilómetros, quase o mesmo valor que o
registado só nos últimos meses de 2016.
"É difícil dizer quando se irá partir. De facto, não
temos uma boa compreensão do processo que domina o desenvolvimento da
propagação da fenda", dizem os investigadores ao mesmo jornal.
Os cientistas preveem, contudo, que a perda da Larsen C
significaria a subida de 10 centímetros do nível global do mar. No início do
ano, um estudo concluíra,
no entanto, que a plataforma de gelo em causa tem um papel "passivo"
na estabilidade do glaciar, pelo que as consequências não seriam tão graves ou
imediatas como as esperadas.
Os membros do projeto MIDAS discordam desta última
conclusão. Se a fenda continuar a progredir ao ritmo atual, rapidamente,
concluir-se-á qual das partes tem razão.