quarta-feira, 5 de junho de 2013

Para poupar cinco milhões, o vinho do Porto vai mudar de receita - Dinheiro Vivo

Para poupar cinco milhões, o vinho do Porto vai mudar de receita - Dinheiro Vivo


O governo quer ajudar as empresas de vinho do Porto a reduzir os custos de produção, contribuindo, em simultâneo, para a redução das importações de aguardente. A nova legislação, publicada hoje em Diário da República, permite o uso de aguardente de origem vitícola (obtida a partir de subprodutos da vinificação, como o bagaço ou as borras) e não apenas vínica (obtida a partir da destilação do vinho), como até agora, na produção de vinho do Porto e moscatel. O Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, de onde partiu a proposta (aprovada em conselho interprofissional), assegura que a qualidade não está em risco.

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Em causa está o aumento - mais que duplicou face a 2011 e praticamente quadruplicou desde 2009 - do preço da aguardente vínica. Cada pipa de 550 litros de mosto leva, em média, 20% de aguardente, um peso relevante nos custos de produção das empresas. 
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Manuel Cabral, presidente do IVDP, sublinha que a nova lei permitirá “poupanças, muito relevantes e significativas, em importações”, mas recusa quantificar. Fontes ouvidas pelo Dinheiro Vivo divergem entre cinco e 10 milhões de euros ao ano. E a qualidade do vinho do Porto? Manuel Cabral garante que não será afetada, porque não há qualquer mudança nas características físico-químicas e organolépticas que a aguardente tem de cumprir para ser aprovada nas análises laboratoriais e pela câmara de provadores do IVDP”, frisa.

Do lado da produção há algum ceticismo. O Dinheiro Vivo tentou, sem sucesso, ouvir um dos elementos que votou contra. Já as empresas garantem que isto só vem transpor para a legislação nacional o que já consta na comunitária.

O líder do IVDP lembra, ainda, as alterações introduzidas na vindima de 2012 para um menor uso de aguardente. “Em vez dos 126 litros por cada pipa de 550 litros de mosto, estabelecemos que podem ser usados entre 65 e 120 litros de aguardente, consoante o tipo de vinho do Porto”, diz. Na prática, aumenta-se a quantidade de mosto, produto nacional, e reduz-se a de aguardente, maioritariamente importada.

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