O Governo está a limitar o acesso dos doentes aos medicamentos inovadores, considera o bastonário da Ordem dos Médicos, defendendo assim as conclusões do relatório do Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS) divulgado hoje.
"Existe um bloqueio a estes medicamentos e existem doentes que estão a ser prejudicados pela sua não aprovação", explicou José Manuel Silva ao Dinheiro Vivo.
O documento sublinha que 50% dos cortes na despesa na saúde tem vindo a ser feitos na área do medicamento, uma opção orçamental que o bastonário critica: "Esta não é a melhora área para poupar, os cortes estão a ser feitos à custa dos doentes".
Os farmácos para o cancro e a hepatite C são dos que mais têm vindo a sofrer atrasos, sublinha José Manuel Silva. "Existem atrasos artificiais mas muitas vezes os medicamentos são aprovados mas não são comparticipados, o que limita a sua utilização".
"Os novos medicamentos para a hepatite C foram aprovados de forma muito rápida pela Agência Europeia do Medicamento e pela FDA (agência norte-americana para os medicamentos) mas não o foram em Portugal", afirma.
O bastonário da Ordem dos Médicos sublinha que a poupança cega nesta área pode levar a um aumento da despesa no futuro. "Um doente que fica curado torna-se num cidadão produtivo e que contribui para a sociedade. Um doente que tem uma hepatite C e que não é curado, com a condição a transformar-se num cancro ou cirrose, leva à disseminação da doença e a um consequente aumento das despesas na Saúde", defende.
"Estes cortes são um reflexo de burocratas que só olham para as despesas actuais nas folhas Excel sem se preocupar com o futuro", conclui o bastonário da Ordem dos Médicos.
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