A Intercement, empresa do grupo brasileiro Camargo Corrêa, confirmou em
comunicado que a Cimpor será desmantelada no âmbito da oferta pública de
aquisição (OPA) que lançou sobre a empresa portuguesa. Assegura, no
entanto, que a sede e o centro de decisão da Cimpor se manterão em
Portugal e que esta passará a integrar as operações cimenteiras que a
Camargo tem na América do Sul e em Angola.
A empresa,
que tem 32,9% da Cimpor, refere que a Votorantim, o outro grande
acionista da Cimpor, com 21,2%, já declarou que não pretende vender as
suas ações na OPA. É por isso que vai propor que a Cimpor integre os
ativos e operações de cimento, betão e agregados do grupo Camargo Corrêa
na América do Sul e em Angola. Em contrapartida, retira da Cimpor os
ativos que esta tem na China, Espanha (com exceção da Cimpor Inversiones
e da Cimpor Sagesta), Índia, Marrocos, Tunísia, Turquia e Perú e
entrega-os à Votorantim em troca das ações que esta tem na Cimpor.
"Os ativos a permutar (excluindo as ações detidas pela
Votorantim na Cimpor) serão avaliados por entidades independentes, em
conformidade com as regras legais e estatutárias aplicáveis. As ações da
Votorantim na Cimpor serão valorizadas pelo preço da contrapartida
oferecida na OPA", acrescenta a InterCement. Que revela também que,
"tendo em conta os interesses em causa, o contexto regulatório no Brasil
e as conversações entretanto havidas com a Votorantim, após o anúncio
preliminar da oferta, a InterCement considera que existe uma
probabilidade muito forte de a Votorantim vir a aceitar esta proposta".
O grupo brasileiro diz ainda que "esta operação e a
projetada reorganização societária são concebidas para alcançar uma
estrutura acionista da Cimpor estável no futuro, que permita ultrapassar
qualquer incerteza relativamente à sua adequada planificação
estratégica e ao desenvolvimento das suas atividades".
Isto porque "a Cimpor continua a ter hoje uma base
acionista fragmentada e sem coerência estratégica. Na opinião da
InterCement, a constante especulação relativamente a alterações na
estrutura acionista afetam negativamente a atividade e gestão da Cimpor,
além das questões de concorrência que a referida estrutura coloca no
mercado brasileiro". Por outro lado, "a InterCement pretende manter a
sede e o centro de decisão da Cimpor em Portugal, bem como a marca
Cimpor".
José Édison Barros Franco, presidente da InterCement,
afirma, no comunicado, que "a Cimpor sairá reforçada com a integração de
novos ativos que a InterCement detém na América do Sul e em África.
Será mais forte e competitiva, continuando a ser uma empresa portuguesa
internacionalizada, com a sua sede e o centro de decisão em Portugal.
Esta é mais uma demonstração da confiança que depositamos em Portugal e
na empresa, para além do significativo valor de investimento estrangeiro
que realizaremos no país".
O preço da oferta mantém-se nos 5,5 euros por ação.
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