segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Fenda em plataforma de gelo da Antártida já tem 130 km - DN.pt



Entre março e o agosto, fissura cresceu 22 quilómetros, quase o mesmo que entre 2011 e 2015.

Com o fim da noite polar na Antártida, os cientistas do projeto MIDAS conseguiram, pela primeira vez em meses, verificar o estado da fenda que, há muito, ameaça a estabilidade da quarta maior plataforma de gelo desta região: desde março, mais 22 quilómetros da superfície gelada estalaram. A distância entre as partes subiu para 350 metros.

Hoje, a rutura que afeta a plataforma Larsen C já atingiu, no total, 130 quilómetros. Está, por isso, iminente, segundo reporta o The Washington Post, a perda de uma porção considerável da estrutura, o que significaria a perturbação das plataformas mais próximas e, eventualmente, a subida do nível do mar.

"Mostrámos previamente que esta fenda removerá entre nove a 12 por cento da plataforma de gelo e deixará a frente gelada na sua posição mais recuada de sempre", explicam Adrian Luckman, Daniela Jansen, Martin O'Leary e alguns outros membros do projeto promovido pelas Universidades de Swansea e Abersystwyth, Gales.

Entre 2011 e 2015, a fenda na plataforma, cuja espessura atinge os 350 quilómetros, crescera 30 quilómetros, quase o mesmo valor que o registado só nos últimos meses de 2016.

"É difícil dizer quando se irá partir. De facto, não temos uma boa compreensão do processo que domina o desenvolvimento da propagação da fenda", dizem os investigadores ao mesmo jornal.

Os cientistas preveem, contudo, que a perda da Larsen C significaria a subida de 10 centímetros do nível global do mar. No início do ano, um estudo concluíra, no entanto, que a plataforma de gelo em causa tem um papel "passivo" na estabilidade do glaciar, pelo que as consequências não seriam tão graves ou imediatas como as esperadas.

Os membros do projeto MIDAS discordam desta última conclusão. Se a fenda continuar a progredir ao ritmo atual, rapidamente, concluir-se-á qual das partes tem razão.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Ford. Adeus aos volantes e aos pedais a partir de 2021 - Ionline.pt

A fabricante norte-americana vai disponibilizar um serviço de “ride-sharing” com carros sem condutor a partir de 2021.

A Ford anunciou na terça-feira que vai lançar um serviço de partilha de carros com veículos sem condutor, sem volante e sem pedais.
A empresa disse ainda que vai reforçar os investimentos em tecnologia e duplicar a equipa que trabalha no departamento de carros autónomos.
“Acreditamos que os veículos autónomos vão ter um impacto tão significativo na sociedade como a linha de montagem da Ford teve há 100 anos”, disse Mark Fields, presidente da Ford.

Alterações climáticas libertam "segredo sujo" do gelo - DN.pt

Antiga base militar americana construída sob o gelo, e abandonada com os seus resíduos radioativos e tóxicos, vai ficar a descoberto antes do final do século devido ao degelo. É um problema ambiental grave, diz um estudo.

Parece coisa de filme, uma base militar americana construída durante a Guerra Fria, em 1959, sob o gelo permanente da Gronelândia, a que não falta sequer o picante de um plano secreto para instalar mísseis com ogivas nucleares apontados à antiga União Soviética. Mas, à exceção dos mísseis, a base e os seus resíduos tóxicos e radioativos enterrados no gelo não podiam ser mais reais. E o degelo causado pelas alterações climáticas transforma-os numa ameaça ambiental num horizonte não tão distante - antes do final do século.

A base de Camp Century não esteve ativa uma década sequer e o chamado projeto Iceworm, que previa a instalação dos mísseis - tanto quanto se sabe sem o conhecimento da Dinamarca, país ao qual, à época, pertencia o território -, foi cancelado. A base acabou por ser abandonada em 1967, e embora os militares tenham desmontado e levado consigo o pequeno reator nuclear que fornecia a energia às instalações, a infraestrutura ficou lá, bem como o seu lixo, incluindo resíduos radioativos, materiais tóxicos e contentores cheios de combustível e de águas residuais contaminadas.

Na altura não havia problema, porque eles deveriam ficar ali sepultados para sempre, aprisionados no interior do gelo, supunha--se. Só que as alterações climáticas vieram subverter estas contas e um estudo agora publicado antevê um problema ambiental grave para a região antes do final do século.

Realizado por uma equipa internacional, com investigadores canadianos, da Universidade de York, em Toronto, dos Estados Unidos, das universidades Brown e do Colorado, do Instituto Geológico da Dinamarca e da universidade suíça de Zurique, o estudo fez a compilação dos resíduos, a partir da documentação da época, e realizou simulações climáticas sobre o degelo na Gronelândia. As conclusões, publicadas na revista científica Geophysical Research Letters, mostram que os problemas poderão começar na década de 90 deste século, quando o degelo desocultar aquela perigosa herança da Guerra Fria.

"Há duas gerações, enterravam-se os resíduos em diferentes pontos do mundo e agora as alterações climáticas estão a mudar esses locais", explica o coordenador do estudo, o climatologista e especialista em glaciologia William Colgan, da Universidade de York, citado num comunicado da sua universidade. "Esta é uma nova questão ligada às alterações climáticas, sobre a qual vamos ter de pensar", sublinha o cientista.

Segundo as estimativas do estudo, estarão enterrados naquela base construída sob o gelo, numa área de 55 hectares, cerca de 200 mil litros de combustível diesel e mais de 240 mil de águas residuais contaminadas. No entanto, os volumes de resíduos radioativos, incluindo a água de refrigeração do reator, ou dos materiais tóxicos do tipo PCB que na altura eram utilizados na construção, são desconhecidos.

Uma questão central que agora se coloca, e que os investigadores também abordam no estudo, é esta: de quem é a responsabilidade da limpeza do local e quem vai pagar os seus custos, a partir do momento que o gelo deixe funcionar como contentor?

O jogo do empurra, conta o The Arctic Journal, já começou. Na Dinamarca parece dominar a noção de que caberá aos Estados Unidos custear uma tal operação. Na Gronelândia, hoje um território autónomo, embora ligado à Dinamarca, o governo localmente eleito já se manifestou preocupado. Uma certeza há: a de que a descontaminação terá um dia de ser feita.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Paraplégicos reconquistam sensibilidade e movimento através de "treino cerebral" - DN.pt


Realidade virtual e computação avançada permitiram a recuperação do controlo de músculos que, há décadas, não eram dominados por estes pacientes
Depois de dez meses de "treino cerebral", oito paraplégicos conseguiram mexer as pernas e recuperar alguma sensibilidade nessa região do corpo. Esta conquista inédita resulta de um prática experimental que recorreu a um exoesqueleto artificial, dispositivos de realidade virtual e sistemas não invasivos que ligam o cérebro a um computador para reintroduzir nesses pacientes a consciência da decisão do movimento.
A descoberta parece sugerir que, mesmo quando a rotura da espinhal medula é considerada total, os tecidos nervosos dessa região permanecem abertos aos estímulos, explicam os cientistas no artigo publicado na Scientific Reportscitado pelo The Guardian. A experiência foi realizada no Brasil, em São Paulo.
Todos os pacientes relataram a restauração parcial dos movimentos musculares e da sensibilidade e, embora nenhum deles consiga andar sem ajuda, alguns conseguem fazê-lo com a simples ajuda de muletas e de equipamento que apoie as pernas.
Cada participante foi equipado com um conjunto de elétrodos que permitiram o registo dos sinais dos eletroencefalogramas (avaliação da atividade bioelétrica do cérebro), durante os quais os cientistas pediram aos pacientes que "pensassem" em mover as pernas. Inicialmente, nenhum deles conseguia fazê-lo.
A introdução dos dispositivos de realidade virtual, aparelhos de auxílio dos movimento (usados na fisioterapia comum) e arneses completos marcaram o estágio seguinte da pesquisa que integra o programa internacional Walk Again.
O uso de realidade virtual acabou por permitir a produção da ilusão do movimento das pernas e simulou sensações distintas como andar na relva ou na areia. Gradualmente e a ritmos diferentes, os participantes começaram assim a sentir reações musculares voluntárias abaixo da área da rotura da espinhal medula.
"Tropeçamos nesta recuperação clínica, o que é quase um sonho, porque levou a abordagem para um nível totalmente novo", conta Miguel Nicolelis, co-diretor do Centro de Neuroengenharia da Universidade de Duke e investigador na Associação de neuroreabilitação Alberto Santos Dumont em São Paulo.
Agora, dez meses depois, um dos pacientes foi já capaz de sair de casa e conduzir um carro. Outra de dar à luz, sentindo, efetivamente, as contrações. Alguns foram requalificados como "parcialmente paralisados".

O ensaio clínico cujo objetivo original era melhorar a eficácia das próteses robóticas comandadas pelo cérebro submeteu os oito participantes a mais de duas mil sessões de "treino cerebral" num total que mais de duas mil horas. Embora tenham registado melhorias significativas (e surpreendentes), estes pacientes continuam o treino inovador.

Hoje (e durante mais 12 dias) há chuva de estrelas. Se o fumo deixar - DN.pt

Ponto máximo da já famosa chuva de meteoros acontece hoje à noite

Os amantes da astronomia vão ter um resto de mês em cheio, que começa já hoje. Quando anoitecer, os portugueses serão brindados com uma chuva de estrelas. O fenómeno que acontece anualmente atinge o seu pico hoje e repete-se, embora com menor intensidade, até ao dia 24. O melhor local para ver as estrelas cadentes é o campo e, de preferência, longe dos incêndios. O fumo que cobre uma parte significativa do país poderá dificultar a sua observação.

"Do ponto de vista astronómico, todo o país poderá ver a chuva de estrelas. Mas, nas zonas com muito fumo, vai ser muito difícil vê-las", adiantou ao DN Rui Agostinho, diretor do Observatório Astronómico de Lisboa. O fumo dos incêndios tem dois efeitos: "Reduz o brilho dos objetos e torna as estrelas mais avermelhadas, fazendo desaparecer a maior parte dos meteoros."

A atividade máxima da famosa chuva de meteoros das Perseidas decorre entre as 13.00 e 15.30, mas, em Portugal, só será visível "quando começar a ficar escuro". Para o pico desta chuva, são estimados cerca de 110 meteoros por hora. "Nem todos são muito brilhantes. A maioria são fracos." Daí que, para uma melhor observação, seja recomendada uma zona afastada das cidades, sem influência das luzes.

Quem quiser admirar este fenómeno não necessita de qualquer material específico, uma vez que "tudo isto é a olho nu". Como o fenómeno "não está localizado temporalmente numa hora, espalhando-se por muitos dias, todos os países o podem ver". No entanto, nem todos o observam da mesma forma: "Como o ponto radiante é do lado norte do planeta, os países do Sul não veem tão bem. Nas latitudes mais a norte o efeito é mais giro."

Perseidas são chuvas de estrelas, assim designadas porque o ponto a partir do qual os meteoros parecem surgir localiza-se na constelação Perseus. Este fenómeno resulta da passagem da Terra, na sua órbita à volta do Sol, perto dos detritos deixados pelo cometa Swift-Tuttle. "A libertação de poeiras e pequenas partículas associada à sublimação do gelo no núcleo cometário deixa um rasto no espaço. Como a órbita deste cometa passa na zona da órbita terrestre, todos os anos a Terra embate nestas partículas, os meteoroides, que penetram a atmosfera a velocidades médias de 30 km/s", lê-se no site do OAL. A maior parte desfaz-se, deixando "rastos luminosos", que se designam por meteoros.

Em todo o mundo, amantes da astronomia e curiosos reúnem-se para observar o céu por estes dias. Por cá, nesta noite, o Observatório Astronómico de Santana - Açores estará aberto a partir das 21.00 para a observação deste "espetáculo celestial". Amanhã, o Centro Ciência Viva do Lousal também abre as portas.