É assim tão importante que todos gostem de si? - Dinheiro Vivo

É assim tão importante que todos gostem de si? - Dinheiro Vivo


Você acaba de entrar num novo escritório e é capaz de tudo para ser aceite como mais um da casa. Mas talvez seja melhor entrar com calma. Ninguém acha graça a um espertalhão que pretende saber tudo ao fim de uma semana. E se é aconselhável observar o ambiente para começar a apreender as dinâmicas do escritório antes de se atirar de cabeça – com grande probabilidade de fazer asneira –, não é assim tão boa ideia desatar a comentar tudo o que vê e sabe só para parecer que já tem grande conhecimento de causa.
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Aliás, em vez de se preocupar com tudo o que acontece à volta da sua secretária, o melhor que tem a fazer para começar em a reparar em si é focar-se naquilo que realmente devia fazer: o seu trabalho. Ou acha mesmo que contar ao escritório inteiro que viu o seu chefe enrolado com a secretária lhe vai trazer mais amigos do que acabar aquele projeto que está a ganhar raízes na sua secretária há duas semanas?
Longe de mim querer tirar-lhe a potencial alegria de viver nas oito horas diárias que passa no escritório. Mas vá lá, não precisa de ser mauzinho para ter conversa à hora do café. E acredite que abster-se de dizer mal dos seus novos colegas pode fazer maravilhas pela sua carreira. Não acredita? Pois bem, nunca ouviu dizer que é nas costas dos outros que vemos as nossas? Se acha muita graça às piadolas que o rapaz que se senta ao seu lado faz sobre o mais que provável daltonismo do chefe – porque é impossível juntar, conscientemente, todas as cores do arco-íris numa única toilette e exibir-se orgulhosamente por aí –, imagine o que a nova gravata de patinhos que a sua sogra lhe deu já o divertiu...
Claro que não estou a aconselhar que simplesmente desconfie de qualquer pessoa que lhe pareça simpática ou tenha sentido de humor. Tão pouco que não se preocupe com os demais e simplesmente entre mudo e saia calado para todos os temas que não sejam estritamente profissionais. Mas pode ser civilizado, educado e até simpático sem andar aos abracinhos a toda a gente ou tornar-se no palhaço de serviço apenas um mês depois de ter entrado no escritório.
O que é que importa que a chefe de departamento já devesse ter feito madeixas há pelo menos dois meses para não ter aquele aspecto de zebra? A verdade é que ela tem competência e habilidade suficientes para safar a empresa nos momentos determinantes e isso já lhe valeu uma promoção e aumentos sucessivos. E não foi decerto a perder tempo preocupada com parecenças e a agir de maneira a ser aceite no grupo.
Na realidade, viver angustiado com o que os seus colegas pensam de si é uma verdadeira perda de tempo. Se em vez de gastar os seus primeiros dias a dizer piadas e a gozar com os mais fracos fizer o seu trabalho e se mostrar disponível para ajudar os outros, é mais que certo que os vai conquistar. E pelo caminho vai realmente impressionar o chefe com os seus resultados. Mesmo que esteja num escritório onde a solidariedade não impere, concentrar-se no trabalho pelo menos vai render-lhe o respeito por que tanto anseia.
Focar-se nas suas tarefas sem desperdiçar o seu tempo – e o dos outros – em inutilidades é meio caminho andado para realmente ser aceite na equipa. E depois de já estar mesmo integrado e ter o seu lugar assegurado, terá muito tempo para ganhar simpatias e ser engraçado – se nessa altura isso ainda for tão importante para si.